Com a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá se tornar, nesta sexta-feira, 6, o sexto
presidente da República a ser preso. As cinco prisões anteriores foram todas
por motivos políticos. Apenas uma foi em período de normalidade democrática - e
logo depois veio turbulência. Lula será o primeiro preso acusado por crime
comum.
O primeiro
ex-presidente da República preso no Brasil foi Hermes da Fonseca. Ele governou
entre 1910 1914. Em 1922, era presidente do Clube Militar, quando foi preso por
fazer críticas à intervenção federal na eleição em Pernambuco.
Hermes da Fonseca |
Hermes ficou detido
por seis meses. A prisão teve consequências políticas que ficaram para a
história. Três dias depois, estourou a revolta dos 18 do Forte de Copacabana.
Revolução de 1930
Washington Luís |
Movimento que derrubou
a República Velha, a Revolução de 1930 levou Getúlio Vargas ao poder e colocou
dois ex-presidentes atrás das grades. O primeiro deles foi Washington Luís, que
estava no poder desde 1926. Foi deposto logo que o movimento eclodiu, em 24 de
outubro daquele ano - o mandato se encerraria em 15 de novembro. Deixou o
Palácio Guanabara, levado ao Forte de Copacabana. Mais tarde, negociou com os
revolucionários e partiu para o exílio na Europa e nos Estados Unidos. Só
retornou ao Brasil em 1947, dois anos após a queda de Vargas.
Em 1932, o regime instalado com a Revolução de 1930 prendeu o
segundo ex-presidente: Arthur Bernardes, que havia governado entre 1922 e 1926,
antecedendo Washington Luís. Foi detido em 23 de setembro no Interior de Minas
Gerais, ao incitar levante em Minas Gerais em apoio à Revolução
Constitucionalista que eclodira em São Paulo.
Arthur Bernardes |
Preso no município de Araponga, perto de Viçosa, foi levado
de trem para o Rio de Janeiro. Prestou depoimentos na Ilha das Cobras e na Ilha
do Rijo, ambas na Baía de Guanabara. Após período preso no Forte do Leme, foi
para o exílio em Portugal.
Ditadura militar
As outras duas prisões de ex-presidentes ocorreram durante o
regime militar implantado em 1964. Presidente durante sete meses em 1961, Jânio
Quadros foi mantido por quatro meses em
confinamento em Corumbá, em julho de 1968, por ordem do governo Costa e Silva.
O objetivo era afastá-lo das manifestações políticas que sacudiam o País.
Até hoje, nenhum dos ex-presidentes havia sido preso por
crime comum, nem tinha condenação judicial.
O POVO - ÉRICO FIRMO
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