Mesmo com apenas 8,7% da capacidade de armazenamento, o açude Castanhão tem capacidade para atender a demanda de Fortaleza por mais um ano, segundo o administrador do reservatório, Fernando Pimentel. No ano passado, com a falta de chuvas, o maior açude do país só conseguiu acumular dois metros de cortina de água. Em 2018, o acúmulo já alcança 11,9 metros, o que significa aporte de mais 500 milhões de m³ de água, seis vezes mais que em 2017.
"Já perto do fim da quadra chuvosa [de fevereiro a maio] o aporte de água no açude também vai diminuindo. Apesar de historicamente as chuvas mais abundantes se concentrarem no mês de março, este ano nós só fomos contemplados com boas chuvas na primeira quinzena de abril. Mas esses 11,9 metros já é um alento tanto para garantir o abastecimento local e de Fortaleza como para a pesca, por exemplo", afirma.
Retorno dos pescadores
Além do problema de abastecimento humano, o baixo nível das águas do Castanhão prejudicou a pesca artesanal e a piscicultura, bem como outras atividades produtivas. “Nesses seis anos de estiagem, a pesca em gaiolas praticamente sumiu do Castanhão. Os que ficaram, tiveram queda na renda em torno de 90%. A maioria procurou outras fontes, como o Rio Parnaíba e o São Francisco."
Com o volume armazenado neste ano, as atividades produtivas que dependem das águas do Castanhão também terão um ano de trégua. "Houve uma melhora com as últimas chuvas, mas não podemos cometer os erros do passado. A expectativa é de que as águas da transposição do Rio São Francisco cheguem ao Ceará para que tenhamos um suporte hídrico", acredita Pimentel.
Nesta terça-feira (7), o ministro da Integração Nacional, Pádua Andrade, informou que o Ceará deve receber água da transposição do Rio São Francisco em agosto. A previsão inicial é de que o empreendimento fosse concluído em 2012. Para acelerar o cronograma, várias frentes de serviço – com cerca de 1,2 mil profissionais, vão atuar simultaneamente, em períodos 24 horas.
Volume morto
Com capacidade para 6,7 bilhões de metros cúbicos, o Castanhão atingiu o chamado volume morto em novembro do ano passado, de acordo com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), que administra o açude.
Também chamado de reserva técnica, volume morto é a água que fica abaixo do nível de captação dos reservatórios, que não foi programada para ser usada no dia a dia e funciona como “poupança” em caso de emergência.
Por causa do baixo nível de armazenamento, na segunda quinzena de fevereiro, quando estava com 2,45% de volume de água, o açude Castanhão deixou de abastecer Fortaleza. A decisão, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh), deveria vigorar até o fim de maio, mas foi revista em 3 de abril, quando açude voltou a transferir água – por bombeamento - para Fortaleza.
Armazenamento
Com capacidade total de 18,63 bilhões de m³, os 155 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), estão com 16,94% da capacidade total de armazenamento, o que representa volume total de 3,16 bilhões de m³.
Da totalidade de açudes monitorados, 24 se encontram em volume morto, sete continuam secos, 28 estão com volume acima de 90% da capacidade e 83 estão com volume abaixo de 30%. Outros 17 açudes estão sangrando, ou seja, atingiram a cota máxima de armazenamento.
Por G1 CE
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