Com o cenário internacional em tensão por causa da política
monetária dos Estados Unidos, além da variação do dólar, um ator que mais tem
sofrido alta nos preços é o petróleo. O barril da commodity bateu no teto e
superou os US$ 80. Somadas às sanções impostas ao Irã, que atrapalham as
exportações do país (um dos maiores fornecedores do produto no mundo), e a
queda dos estoques globais, o combustível fóssil já acumula quase 20% de alta
em 2018. Pode parecer realidade distante, mas as consequências surtem efeitos
para o Ceará.
Sobre o assunto
O petróleo ainda continua sendo a opção mais barata
Sanções ao Irã não afetam projeto da refinaria no Ceará
O primeiro deles está no uso dos transportes. “Quase 3% do
orçamento familiar é consumido pelos combustíveis. Quanto mais se usa o carro,
mais o percentual sobe. O diesel mais caro incide sobre as tarifas de ônibus
municipal. O impacto indireto está no encarecimento do frete dos produtos para
os centros urbanos”, destaca André Braz, economista do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No rol do encarecimento entram
alimentos, eletroeletrônicos, fármacos e o que depender do modal rodoviário.
Mas não é só isso. Passagens aéreas também são tragadas pelo
efeito da alta do barril do petróleo, já que o combustível produzido –
querosene de aviação – está relacionado. “O setor aéreo é todo dolarizado. As
companhias tendem a repassar para o consumidor”, explica. “A elevação do preço
do óleo cru afeta em termos de amplitude e atendimento das rotas e linhas
aéreas, com consequências diretas à demanda do mercado”, avalia.
No campo do comércio exterior, as importações do Ceará também
são afetadas. Atualmente o Estado compra óleos de petróleo de países como
Holanda, Estados Unidos e França. “A escalada de preços pode afetar a economia
global. Um dos receios que temos é que a inflação dispare, assim como o aumento
da taxa de juros no País. Isso resulta a desaceleração de investimentos de
determinadas empresas”, afirma Ana Karina Frota, gerente do Centro
Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Ceará (CIN/Fiec). Nos
setores industriais, no entanto, mais atingidos são aqueles que trabalham com
plásticos e, especialmente, a construção civil. “O segmento utiliza muitos
materiais advindos do petróleo, sem contar no próprio diesel”, alerta.
O custo logístico, por sua vez, faz com que a competitividade
do setor industrial cearense seja prejudicada. “O transporte até regiões como
Sul e Sudeste afetam a venda dos produtos. Os alimentos aqui produzidos e
vendidos para outros mercados podem perder espaço. Qualquer elevação de custos
acaba sendo um fator complicador”, elenca Guilherme Muchale, economista da
Fiec.
EXISTEM DOIS TIPOS DE PETRÓLEO comumente produzidos. No
mercado, eles são chamados de light e heavy. Cada um possui características que
impactam diretamente na produção dos refinados. COM O LIGHT, obtém-se com maior
pureza o diesel, nafta, gasolina, querosene e óleos lubrificantes. A maior
parte do que é produzido no País tem a característica heavy, com um grau de
pureza menor e propício à produção de asfalto. No entanto, no Recôncavo Baiano,
é encontrado petróleo do tipo light.
5ª ALTA SEGUIDA DOS PREÇOS DA GASOLINA E DIESEL A PETROBRAS
REAJUSTOU mais uma vez o preço da gasolina e do diesel nas refinarias, na
última sexta-feira. O aumento foi de 1,33% e 0,79% respectivamente. A nova
métrica adotada pela estatal está em vigor desde julho de 2017, que permite os
ajustes diários, o litro da gasolina passou para R$ 2,0680 (ontem R$ 2,0407).
Já o diesel saltou de R$ 2,3302 para R$ 2,3488. “O QUE A COMPANHIA faz é
refletir essa variação de preço do mercado internacional. Como o valor desses
combustíveis acompanha a tendência internacional, pode haver manutenção,
redução ou aumento nos preços praticados nas refinarias e terminais”, diz a
Petrobras, em nota.
Números: US$ 80 O barril de petróleo Brent superou este valor pela 1ª
vez desde novembro de 2014
O POVO
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