Os anúncios de mais militares nas ruas são frequentes. Em entrevistas, o governador do Ceará, Camilo Santana, ressalta o acréscimo como um dos pontos principais da estratégia para combater a violência. No dia seguinte à morte de Giselle Távora, mais de mil novos policiais encerraram o curso e participaram da cerimônia de formados da Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp/CE).
Responsável pelos cursos de formação dos militares, a Academia informou que de 2013 até 2018, 7.503 profissionais de Segurança Pública foram formados. Somente de 2017 até agora, 3.974 novos PMs foram destacados na Capital e no Interior.
Em conversa com um PM recém-formado, que preferiu não ter a identidade revelada, a reportagem foi informada que, somente após os seis meses do curso de formação, até então na condição de candidato, o postulante à vaga militar vai às ruas como profissional. Para o soldado, a demora das aulas práticas prejudica o modo de agir em ações de risco.
"Passamos na prova do concurso e continuamos sendo tratados como candidatos. Quando nos formamos vamos para a rua. É aí que percebemos que falta muito conhecimento prático. A estrutura da Aesp é excelente, mas reconheço que é preciso mais prática", disse o PM.
Sobre orientações de como agir para interromper uma fuga, o soldado contou que, ainda no curso, o treinamento propõe que só se deve responder com munição letal, a partir do momento em que o policial percebe que o suspeito também tem munição letal. Mesmo com pouco tempo na profissão, o militar considerou a morte de Giselle Távora, na Avenida Oliveira Paiva, um erro.
"Quando estamos em uma viatura, em uma ocorrência, é tudo muito rápido. Somos seres humanos e falhamos. Temos um nível de estresse alto, mas a ação desse policial foi equivocada".
Aulas
Em nota, a Academia respondeu que o Curso de Formação Profissional para ingresso no cargo de soldado da PMCE tem uma carga horária de 1.020 horas/aula e duração aproximada de seis meses. Conforme a Aesp, as disciplinas são oferecidas com base na matriz curricular da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp/MJ), e inclui aulas teóricas e práticas.
Após o ingresso na Corporação, caso o PM deseje integrar um grupamento especial, é preciso cumprir de um a dois anos de trabalho nas ruas, para que se inscreva nos cursos de qualificação ofertados anualmente. O ingresso em uma unidade especializada ainda depende de outros requisitos, como: submissão a testes de aptidão física, entrega de exames e, em alguns cursos, ainda é exigido um teste de habilidade específica.
A Aesp destacou que, desde 2017, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) criou orçamentos específicos para custear treinamentos profissionais fora do Estado, e para ampliar os serviços de atendimento e acompanhamento psicológico com a tropa.
Fonte: Diário do Nordeste
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