Com o fim da quadra invernosa no Ceará e a consolidação de mais
um ano de chuvas não tão expressivas, se repete o alerta quanto ao
abastecimento de água, especialmente em localidades além da Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF).
Para o Governo do Estado, no entanto, essa garantia tem como base
a continuidade das obras de segurança hídrica que, em 2018, somam 1.268
intervenções, entre a construção de poços, chafarizes e sistemas de
dessalinização.
De acordo com o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH)
do Estado, Francisco Teixeira, o uso dos equipamentos, juntamente com o sistema
de adutoras de emergência, aliados ainda a uma gestão eficiente quanto à
demanda e oferta da água, são medidas suficientes para estimar que os municípios
cheguem até a quadra chuvosa de 2019 com abastecimento regular. "De uma
forma geral, todas as sedes municipais, com exceção de três, estão sendo
atendidas normalmente. Pretendemos chegar na próxima estação dentro dessa normalidade,
garantindo o atendimento com a construção de poços, adutoras e, quando não der,
com carro-pipa".
Esse reforço, segundo o secretário, deverá ser necessário em
algumas localidades do Sertão Central e Vale do Jaguaribe, regiões que hoje
mais preocupam. Conforme avalia, no entanto, a estimativa é de que, dos 184 municípios,
apenas cinco precisem do complemento dos carros-pipas até o fim deste ano.
"Nas zonas urbanas o Estado tenta garantir o
abastecimento convencional, com água na torneira, e na zona rural, onde não tem
essa oferta, ou aquele determinado açude secou, a gente tenta atender o máximo
possível com chafarizes. Quando não dá a operação carro-pipa complementa",
diz.
Grande esperança de uma maior segurança hídrica, a
Transposição do Rio São Francisco deve prover a tão esperada ajuda ao Estado
até o fim do ano. Segundo estimativas do Ministério da Integração Nacional, as
águas atravessarão a fronteira entre Pernambuco e Ceará em setembro próximo,
mas segundo reforça Francisco Teixeira, o percurso até a barragem de Jati é de
cerca de 20 km, com obras que ainda precisam ser nalizadas.
"A expectativa é que, com as obras concluídas, a água
chegue em dezembro".
RMF
O uso racional da água, na avaliação do secretário, é a
principal medida para garantir o abastecimento normal também na Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF). Iniciativas como a Tarifa de Contingência,
que segundo detalha, resultou este ano numa redução de 21% no consumo em
relação a 2014, estão entre as principais estratégias adotadas pelo Estado.
A primeira planta de dessalinização de água marinha para a
RMF, por sua vez, deve ter suas obras licitadas ainda este ano, na estimativa
do secretário. Estudos elaborados pela empresa sul-coreana GS Inima Brasil
foram selecionados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
"Estamos, ainda, verificando a possibilidade de reúso da água. A ideia é
que parte do esgoto seja tratado e utilizado para substituir a água da
indústria", esclarece Teixeira.
Água captada atendeu Capital por um mês
Embora em níveis abaixo do esperado, as precipitações da
quadra chuvosa desse ano trouxeram um alento no que se refere à economia no
consumo. Entre os meses de março e abril, segundo a Secretaria de Recursos
Hídricos (SRH) do Estado, 34 milhões de metros cúbicos (m³) de água da chuva
que iriam para o mar foram captados para o abastecimento de Fortaleza.
O montante, de acordo com Francisco Teixeira, foi o suciente para
abastecer a Capital por mais de 30 dias.
"Conseguimos transferir esse total de chuvas que caíram
na Bacia do Jaguaribe, porém abaixo do nível dos açudes Banabuiú e Castanhão.
Então, boa parte dessa água, que antes iria para o mar, nós captamos para trazer
água para Fortaleza através do Eixão das Águas e do Canal do Trabalhador".
Segundo Teixeira, a estratégia vem sendo utilizada desde o
ano de 2015, quando o Estado conseguiu captar 60 milhões de m³ de água. Em
2016, esse processo não foi possível pela baixa incidência de chuvas, explica
ele. No ano passado, o total captado chegou a 40 milhões de m³. "Esse ano,
embora tenha chovido intensamente, foi em um curto período", ressalta.
Fonte: Diário do Nordeste
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