O Ceará tem o melhor setembro dos
últimos três anos em relação ao volume dos açudes do Estado. A situação, no
entanto, ainda preocupa. Com 14% da capacidade total, o número é melhor que o
do mesmo período de 2017, quando era de 9,7%. A cifra se dá graças ao aporte
deste ano que, apesar de ter tido chuvas dentro da média histórica, foi o maior
desde 2012. O aporte registrado neste ano foi de 2,34 bilhões m³.
A quantidade de águas recebidas
foi importante para nos aproximarmos do fim do ano com situação um pouco mais
favorável que os anos anteriores. Em 2016, por exemplo, foi registrado o pior
setembro desde 2012, quando o estado chegou a 8,8% das reservas hídricas.
Foi principalmente entre o final
do ano passado e o início deste ano que grandes açudes de abastecimento da
Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), como Orós e Castanhão, chegarem aos
menores percentuais de reservas. Somente a partir de maio deste ano esses
açudes apresentaram abastecimento mais significativo em relação aos anos
anteriores.
O açude Banabuiú, que integra a
bacia de mesmo nome, chegou a ficar de agosto de 2015 a março deste ano com
volume menor que 1%. O cenário dos últimos três anos mudou neste manancial
graças à quadra chuvosa deste ano, que trouxe aporte de mais 100 milhões de
metros cúbicos. Atualmente, o açude está com 6,4% da capacidade.
De acordo com Francisco Teixeira,
titular da Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará, apesar de mais favorável,
o cenário ainda preocupa bastante. “A gente não saiu de uma situação crítica
ainda. Nós estávamos no início do ano com 7% das nossas reservas hídricas.
Terminou o período chuvoso e chegamos a 17%, então ganhamos 10 pontos
percentuais”, afirma. No entanto, segundo ele, permanecer abaixo dos 20% ainda
é bastante grave.
Dados do Portal Hidrológico
destacam os açudes Germinal, em Palmácia e Jenipapo, em Meruoca, com,
respectivamente, 97,83% e 97,15% da capacidade. Os outros açudes com volume
acima de 90% são Tucunduba, em Senador Sá e Itapajé. Ainda assim, 91
reservatórios estão com volume inferior a 30%, sendo 37 com volume morto ou
secos. Apesar de não ter o maior percentual de volume, a bacia com maior
quantidade de água registrada é de Acaraú, com 534 hm³.
O Castanhão, localizado no Médio
Jaguaribe e principal açude de abastecimento da RMF, chegou a ter as comportas
fechadas para envio de água. O açude apresentou elevação no volume e saiu de 2%
em fevereiro deste ano para 8,7% em maio. O volume atual é de 6,4%.
“Nessa nossa grande seca de seis
anos, nós exaurimos praticamente nossas reservas. Ainda é uma situação que
merece uma atenção especial, muito monitoramento para poder fazer com que essa
água chegue até a próxima estação chuvosa”, explica Teixeira.
Outra ressalva apontada pelo
secretário é a continuidade do uso de águas do Castanhão. Segundo ele, neste
período do ano passado, mesmo com reserva hídrica mais baixa não foi necessário
o uso das águas do açude. Agora, conforme Teixeira, devido o baixo aporte da
bacia Metropolitana, o Castanhão está liberando de 3 a 4 m³ de água por segundo
para a RMF.
Francisco Holanir, secretário do
comitê da Sub-bacia Hidrográfica do Médio Jaguaribe onde está situado o açude Castanhão,
reconhece situação um pouco mais confortável neste ano para agricultores e
produtores. “Mas, mesmo assim, a gente precisa de mais que uma boa quadra
chuvosa, a gente está esperando mesmo é pela Transposição do Rio São Francisco.
É essa nossa garantia”, ressalta.
(O POVO – Repórter Eduarda
Talicy/Foto – Fco Fontenele)
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