O Ceará em particular – e a Região
Nordeste, de um modo geral – podem ter chuvas abaixo da média histórica em
2019. Isso porque a possibilidade da ocorrência de um El Niño no fim de 2018 e
início de 2019 chega a 70%, segundo o Centro de Previsão Climática do NOAA
(Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), dos Estados Unidos.
O El Niño é um fenômeno causado pelo
aquecimento anormal das águas do Pacífico, seguido pelo enfraquecimento dos
ventos alísios. Estas alterações modificam o sistema climático de distribuição
das chuvas e de calor em diversas regiões do planeta.
O fenômeno, mesmo que com fraca
intensidade, tem potencial de influenciar a distribuição das chuvas na chamada
quadra chuvosa no Ceará, que compreende os meses de fevereiro a maio.
“A probabilidade [de chuvas mal
distribuídas e abaixo da média] é alta sim. Mesmo que o El Niño não venha
totalmente a se concretizar, só o fato de a gente estar com um viés mais quente
no Oceano Pacífico, já vai deixar as chuvas mais irregulares e este período
tende a ser complicado para o Ceará e o Nordeste”, explica Graziella Gonçalves,
meteorologista do Climatempo.
Segundo ela, para os meses de
novembro e dezembro, a possibilidade da ocorrência de um El Niño é alta. “O
fenômeno pode se iniciar com uma cara de Modoki [com efeitos mais brandos] por
conta da temperatura da costa do Peru, que deve seguir um pouco mais baixa.
Depois, a gente segue para um fenômeno mais clássico", explica.
“Vamos passar por mais um ano
complicado no Ceará, principalmente, ainda com relação aos reservatórios que
ainda podem ficar 'devendo' para o próximo período”.
Reservatórios
No ano passado, a quadra chuvosa se
manteve dentro da média histórica – o que não ocorria desde 2012 –, mas
considerando o ano todo, as chuvas foram abaixo da média, de acordo com a
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Isso impactou
na baixa recarga dos reservatórios do Ceará, ocasionada, também, pela
distribuição irregular das chuvas.
Atualmente, os 155 açudes do Ceará
monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) acumulam
volume apenas 13,93% da capacidade total de armazenamento de 18,62 bilhões de
m³. Apenas três estão com volume superior a 90%, outros 91 estão com menos de
30%, enquanto que 18, se encontram completamente secos.
Por G1 CE, Ceará
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