Foram 12 dias de muito
trabalho, felicidade e emoção. As tecnologias sociais, Cisternas de placas e
Biodigestor foram implantadas em comunidades onde as alternativas para
armazenamento de água são escassas. A proposta surgiu a partir do diálogo da
Articulação Semiárido Brasileiro – ASA e FAO, organismo da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. A FAO lidera esforços no
mundo para a erradicação da fome e combate à pobreza. O seu lema, fiat panis,
se traduz do latim, significando “haja pão”.
Tudo começou na comunidade de
San Bartollo, município de Guatahiagua, onde Marcos Jacinto, Coordenador
Executivo do Instituto Elo Amigo e da ASA foi recebido pela humilde, porém acolhedora população. O lugar é
parecido com o semiárido brasileiro. “O povo é amoroso e simpático. As
características climáticas são parecidas com as nossas, durante o ano, há 5
meses de chuvas e 7 meses de verão. As precipitações chegam a mais de 1000
milímetros, mas na época da seca, as pessoas passam por sérias dificuldades,
pois não há estratégias de captação e de armazenamento de água das chuvas, e
acabam passando por séries dificuldades”, explica Marcos.
Ao apresentar a cisterna de
placa e o biodigestor, a população ficou tocada e emocionada, pois nunca
ouviram falar sobre tal tecnologia. “Por ser uma novidade pra eles, todos
ficaram tocados em relação ao impacto e o papel da tecnologia em poder garantir
a segurança hídrica diante de todas as dificuldades encontradas”, lembra Jacinto.
As construções envolveram
cerca de 10 pessoas, entre populares e pedreiros locais e a ideia era envolver
essas pessoas pra que elas pudessem aprender a construir suas próprias
tecnologias. “Durante os doze dias que estivemos por lá, nós construímos uma
cisterna de placa e um biodigestor. Eles passaram por todo o processo de
construção. E caso haja algum projeto de construção de cisternas em El
Salvador, já existem pessoas capacitadas para construí-las”, frisa Jacinto.
Para se ter uma ideia, em El
Salvador, uma caixa d’água de 10.000 litros custa 2.200 Dólares e para
construir a cisterna de placas de 16.000 litros, custou 706 dólares, uma
economia de 1.494 Dólares. “Essa comparação foi muito impactante, pois eles não
acreditavam que seria possível construir uma cisterna com tão pouco recurso”,
explica Marcos.
Ao final das construções, uma
das moradoras, ao tentar se pronunciar, se emocionou, pois no período de verão,
as pessoas querem lavar as mãos, escovar os dentes e não há água, pelo abusivo
preço cobrado. “Para se ter uma ideia, 1000 litros de água custa cerca de 5
dólares, e as famílias pobres não têm esse dinheiro”, relata Jacinto.
Apesar das dificuldades que
essas pessoas passam todos os dias, uma das maiores lições que Marcos Jacinto
trouxe, foi a alegria, o trabalho e a força de vontade do povo de El Salvador.
“Eles são organizados e se juntam para fazer praticamente tudo. Para trabalhar,
para festejar, produzir, e esse foi um dos grandes aprendizados que tive, pois
apesar das dificuldades, eles resistem com alegria e com a certeza de que com o
trabalho coletivo é possível colher bons frutos. Eles precisam de programas e
de políticas que de fato possam incentivar e garantir que elas tenham mais
acesso a água, produção e direitos básicos para que elas consigam ser mais
felizes ainda, finaliza Jacinto.
Além de Marcos Jacinto,
participaram do intercâmbio outras três pessoas: Hugo de Lima (Jornalista
AsaCom de Pernambuco), Josivan da Silva (Cisterneiro e Pedreiro do Rio Grande
do Norte) e Fábio da Silva (Cisterneiro e Construtor de Biodigestor de
Sergipe).
El Salvador
É um país da América Central.
Faz fronteira com o Oceano Pacífico, a sul, a Guatemala a oeste e Honduras para
o norte e leste. Sua região oriental fica na costa do Golfo de Fonseca, em
frente a Nicarágua. San Bartollo é uma comunidade rural do município de
Guatahiagua, Departamento (Estado) de Morazan, que fica na Região Oriente do
País.
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