A estatística de homicídios
registrados no Ceará tem se apresentado como uma gangorra nos últimos anos. Em
2016, o Estado foi palco de uma “pacificação” entre as facções criminosas e,
consequentemente, a redução drástica do número de Crimes Violentos Letais
Intencionais (CVLIs) – homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de
morte. No ano seguinte, a variação foi inversa, devido ao acirramento entre os
mesmos grupos.
O ano corrente volta a apresentar
uma queda no índice. Mas nem todas as regiões do Estado foram afetadas por
essas oscilações na violência.
Desde 2015, a Área Integrada de
Segurança (AIS) 12, situada na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF),
registra o maior número de mortes violentas no Estado e vê a estatística
crescer ano a ano, até 2017, segundo números levantados pelo Núcleo de
Jornalismo de Dados do Sistema Verdes Mares (SVM), junto à Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Em 2015, foram 339 homicídios e,
em 2018, até o fim do mês de outubro, já foram 429 assassinatos. No total, são
1.593 mortes em 1.400 dia, na área onde estão situados municípios como
Itaitinga e Maracanaú. Outras AISs que compõem a RMF também possuem dados
preocupantes. A AIS 13 aparece como a segunda colocada em violência letal, com
1.179 homicídios de 2015 ao fim de outubro de 2018. A AIS 11, em 2015, era a
11ª colocada no ranking de homicídios, mas está em 2º, neste ano.
O pesquisador do Laboratório de
Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), sociólogo
Luiz Fábio Paiva, aponta que a violência na RMF é influenciada pela
criminalidade da Capital. “Tem uma concentração de determinados crimes nas
periferias, e a Zona Metropolitana está integrada na dinâmica de Fortaleza.
Muitas vezes, os municípios que estão na RMF têm serviços de segurança ainda
mais precários do que a Capital”, afirma Paiva.
O coordenador de Planejamento
Operacional da SSPDS, delegado Fernando Menezes, diz que os esforços da Pasta
em Fortaleza fizeram parte da criminalidade migrar para municípios vizinhos. “A
Secretaria está ciente dessa demanda. Estamos investindo em um trabalho de
inteligência e começando a desenvolver trabalhos pontuais, através da
territorialização da Polícia ostensiva, instalando bases onde há maior
incidência criminal”, destaca.
Para alcançar bons números na
Segurança Pública, o Governo investiu mais de R$ 1,8 bilhão na Pasta, nos
quatro anos. Desse valor, R$ 475 milhões foram gastos com reforço policial e R$
55 milhões foram voltados apenas para o Batalhão de Policiamento de Rondas e
Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio).
Interior
No Interior, a AIS 19, na Região
do Cariri, apresenta os piores índices, com um total de 1.177 mortes, de 2015
para cá – o terceiro maior número entre as AISs. A AIS 22, nos Inhamuns, tem os
melhores números do Interior e de todo o Estado, nesses quatro anos: 250.
Contudo, a região apresenta crescimento na estatística, ano a ano: em 2015,
foram 55 crimes; no ano seguinte, 66; e em 2017, 73 registros. O ano corrente
teve 56 homicídios, até o décimo mês.
Os índices de CVLIs das Áreas da
Capital têm oscilações semelhantes à “gangorra” que foi vista no Estado, nos
últimos anos. A exceção é a AIS 2 – formada pelos bairros Bom Jardim, Conjunto
Ceará, Genibaú, Granja Lisboa, Granja Portugal e Siqueira –, que apresenta
crescimento no número de homicídios de 2015 adiante. O aumento da violência
leva a AIS ao pior acumulado de mortes em Fortaleza, nesses quatro anos: 833
registros.
O menor número de homicídios de
Fortaleza é registrado na Área Integrada de Segurança 1, que engloba grande
parte da área nobre da Capital. Foram 256 mortes violentas, entre 2015 e
outubro de 2018. O ano de 2016 foi destaque, com apenas 33 assassinatos.
“A distribuição dos homicídios em
Fortaleza acontece de maneira diferenciada entre a área nobre e as áreas mais
pobres da cidade. O crime, na cidade de Fortaleza, é uma experiência móvel.
Infelizmente, a política dos últimos governos tem sido um policiamento de
saturação. O lugar está dando muito problema? A Polícia ocupa e esvazia a
possibilidade de crime. Quando o local está tranquilo, a Polícia sai”.
Fonte: Diário do Nordeste
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