As ondas de calor extremo
causadas pela mudança climática já afeta a transmissão de doenças, o
fornecimento de alimentos e a produtividade, alertou pesquisa do Lancet
Countdown on Health and Climate Change, elaborado por 150 especialistas de 27
universidades e instituições, entre as quais o Banco Mundial e a Organização Mundial
da Saúde (OMS).
Divulgado na quarta-feira (28), o
relatório final apontou que as mudanças climáticas já observadas no planeta
estão favorecendo a propagação da dengue e do cólera. Nos Estados Unidos, casos
de doenças transmitidas por mosquitos, pulgas e carrapatos, como a Doença de
Lyme e o Vírus do Oeste do Nilo, triplicaram entre 2004 e 2016, segundo os
Centros de Controle de Doenças (CDC).
“Nós não podemos atrasar as ações
sobre a mudança climática. Não podemos mais cochilar nessa emergência de
saúde”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Pequenas mudanças nas
temperaturas e nas chuvas são suficientes para espalhar doenças infecciosas,
segundo o estudo. A capacidade e força do Aedes Egypt, mosquito transmissor da
dengue, zika e chikungunya, aumentou nas últimas décadas. A disseminação do
vírus da dengue, por exemplo, cresceu 7,8% desde os anos 1950 e bateu recorde
de contaminação no mundo em 2016.
À CNN, a professora de Saúde
Global da Universidade de Washington Kristie Ebi afirmou que a disseminação
geográfica do mosquito do Aedes Egypt aumentou “dramaticamente com as
temperaturas mais altas”.
O aumento da disseminação da
bactéria causadora do cólera e outras doenças, a Vibrio, foi igualmente
observado pelos pesquisadores. Nos Estados Unidos , houve crescimento de 27%
das áreas costeiras do país vulneráveis às infecções por Vibrio entre os anos
1980 e 2010. “Nós não podemos ignorar essas mudanças que estamos vendo”, disse
Gina McCarthy, diretora do Centro para Clima, Saúde e Meio Ambiente Global da
Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard.
O diretor-executivo do The Lancet
Countdown, Nick Watts, sublinhou que isso não é algo a acontecer apenas em
2050, mas que “já está sendo visto hoje”, informou a rede de televisão
americana CNN. Desde a semana passada, estudos divulgados pelo governo dos
Estados Unidos e pela Organização das Nações Unidas chamam a atenção para os
impactos da mudança climática e a necessidade de reforçar os compromissos dos
países de redução de suas emissões dos gases do efeito estufa.
O estudo do The Lancet Countdown
apontou um aumento de 157 milhões no grupo de pessoas expostas às ondas de
calor entre 2000 e 2017. Mais de 153 bilhões de horas de trabalho foram
perdidas devido ao calor extremo. O calor prejudica a saúde pela insolação e
desidratação e pode levar a doenças cardíacas e a problemas mentais. Também
piora as condições de poluição do ar, com consequências para a saúde.
Os idosos da Europa e do
Mediterrâneo Ocidental são as mais vulneráveis. De acordo com o estudo, 42% dos
europeus com mais de 65 anos de idade já estão expostos ao calor extremo, assim
como 43% da população com a mesma faixa etária do Mediterrâneo Ocidental. Na
África, 38% desse mesmo grupo já está vulnerável e, na Ásia, 34%.
Fonte: Veja
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