Um fenômeno crescente nos últimos
anos, que chegou ao auge no ano corrente, é a participação de mulheres em
facções criminosas, o que elevou o número de pessoas do sexo feminino que são
vítimas de homicídio. Entre as Áreas Integradas de Segurança (AIS), os maiores
números de mulheres mortas estão na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no
período de 2015 a outubro de 2018, conforme números obtidos pelo G1 com
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Em Fortaleza, a Área Integrada de
Segurança 6 (onde ficam os bairros Amadeu Furtado, Antônio Bezerra, Autran
Nunes, Bela Vista, Bonsucesso, Dom Lustosa, Henrique Jorge, João XXIII, Jóquei
Clube, Padre Andrade, Parque Araxá, Parquelândia, Pici, Presidente Kennedy,
Quintino Cunha e Rodolfo Teófilo) apresenta o pior número: 68 mortes de
mulheres.
"Com a facção, há uma maior
integração dessas meninas, tanto na dinâmica, na lógica do crime, mas também no
controle dos corpos dessas mulheres. A menina que está em um bairro, dominado
por uma facção não pode se relacionar com uma pessoa de outro bairro, que é o
local de outro grupo. Isso tem gerado um morticínio de mulheres, porque essas
meninas passaram a ser caçadas ou controladas", analisa o pesquisador do
Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará
(UFC), sociólogo Luiz Fábio Paiva.
A Área Integrada 11, que
compreende os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, apresenta o
maior número de mulheres mortas, nos últimos quatro anos: 114 casos. Foram 19
crimes no primeiro ano; 18, no segundo; 37, no terceiro; e 40 assassinatos, no
ano atual, ainda incompleto.
Já a área 12 (Guaiúba, Itaitinga,
Maracanaú, Maranguape e Pacatuba) aparece em segundo lugar, com 88 mortes; e a
área 13 (Aquiraz, Cascavel, Chorozinho, Eusébio, Horizonte, Pacajus e
Pindoretama) em terceiro, com 81 ocorrências.
O coordenador de Planejamento
Operacional da SSPDS, delegado Fernando Menezes, afirma que as mulheres estão
sendo assassinadas e presas com mais frequência no Ceará e em todo o país.
"As mulheres estão
participando mais de atividades criminosas. Isso influenciado por mídia
negativa, propostas de vantagens maravilhosas de se adentrar no mundo do crime.
Isso não é problema só do Ceará, mas em todo o Brasil. A polícia está atenta, e
a lei é para ser cumprida para todos, independente de sexo", completa.
Menos mulheres foram assassinadas
em áreas de Fortaleza
Quatro Áreas Integradas de
Segurança - sendo três na capital - tiveram menos de 25 assassinatos de
mulheres, desde 2015:
AIS 10 (bairros Cidade 2000,
Cocó, Dionísio Torres, Engenheiro Luciano Cavalcante, Guararapes, Joaquim
Távora, Lourdes, Manoel Dias Branco, Papicu, Praia do Futuro I, Praia do Futuro
II, Salinas e São João do Tauape), com 20 mortes
AIS 1 (Aldeota, Cais do Porto,
Meireles, Mucuripe, Praia de Iracema, Varjota e Vicente Pinzon), com 21 casos
AIS 5 (Aeroporto, Benfica, Bom
Futuro, Couto Fernandes, Damas, Demócrito Rocha, Dendê, Fátima, Itaoca,
Itaperi, Jardim América, José Bonifácio, Montese, Pan Americano, Parangaba,
Parreão, Serrinha, Vila Pery e Vila União), com 24 mortes.
AIS 22 (municípios Aiuaba,
Arneiroz, Catarina, Mombaça, Parambu, Piquet Carneiro, Quiterianópolis e Tauá),
que também apresentou 24 mortes de mulheres, no período
Por Messias Borges, G1 CE
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