Após a cláusula de desempenho barrar o acesso a benefícios
eleitorais de 14 dos 35 partidos do País por não terem alcançado desempenho
mínimo nas urnas, neste ano, os dirigentes dessas siglas no Ceará apostam na
fusão ou incorporação a outras legendas para sobreviverem. Ao mesmo tempo que
aguardam uma definição no âmbito nacional, integrantes das siglas atingidas
pela cláusula já negociam o embarque em outras agremiações.
Essa reviravolta entre os partidos ocorre porque vários deles
não conseguiram cumprir a nova regra estabelecida para as eleições deste ano, a
chamada cláusula de desempenho. A regra determinou que os partidos elegessem,
pelo menos, nove deputados federais, de estados diferentes, se quisessem ter
acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita no
rádio e na TV.
O PCdoB é um dos partidos que não conseguiu conquistar a
bancada mínima na Câmara Federal. Agora, a direção nacional da sigla estuda se
unir a outras legendas atingidas pela cláusula, entre elas o PPL - que foi
aliado do partido na disputa eleitoral deste ano em alguns estados.
Diante do cenário de incertezas, o presidente estadual do
PCdoB, Luis Carlos Paes, avalia que, sem o Fundo Partidário, a situação
financeira pesará sobre os estados.
"Lógico, que traz mais dificuldade pra nossa atuação,
mas nós temos como superar isso através do esforço maior da militância. Uma das
alternativas é continuar existindo com as ações políticas junto aos movimentos
sociais".
No Ceará, o PCdoB perdeu uma vaga na Câmara, com a
não-reeleição do deputado Chico Lopes. Segundo Luis Carlos Paes, mesmo juntando
os 10 deputados federais eleitos no País, não alcançou a cláusula.
Incorporação
A Rede foi outro partido que não passou pela "linha de
corte". No Estado, nenhum deputado federal foi eleito.
Para superar o desempenho ruim, o porta-voz da legenda,
Adriano Alves, diz que a ideia é incorporar os filiados em outra sigla. "A
(Executiva) Nacional me passou que estão conversando com o PV e com o PPS. A
outra opção seria a gente caminhar sozinhos e buscar uma fusão em 2020. Aí
teremos que aumentar o número de filiados, irmos atrás da ajuda dos próprios
filiados, seria um trabalho redobrado", pensou.
Conversas
O presidente estadual do PHS, Márcio Aurélio, também espera
uma definição da direção nacional sobre uma fusão com outros partidos.
"Existem conversas com o PRP, com o PMN. Na realidade, a
gente só precisa que alguém faça a fusão conosco, aí poderemos sair com uma
estrutura muito melhor e continuarmos o nosso trabalho mais tranquilo".
Enquanto isso, o deputado federal cearense eleito, Júnior
Mano, do Patriotas, já cogita migrar para o PSL, do futuro presidente da
República, Jair Bolsonaro, principalmente após o seu atual partido ter sido
barrado pela cláusula.
"A gente está tendo uma conversa com o PTC. Eles fizeram
dois (deputados) federais, para nós, faltou 25 mil votos para atingir a
cláusula. Recebi o convite da turma do Bolsonaro", revelou.
Além de Júnior Mano, o seu colega de partido, deputado
estadual eleito, Apóstolo Luiz Henrique (Patriotas), também cogita mudar para o
PSL.
O deputado estadual Ely Aguiar, do Democracia Cristã, também
já disse que pode se filiar ao partido de Bolsonaro, uma vez que o partido dele
não atingiu a cláusula de barreira. Aliás, os dois partidos se coligaram, neste
ano, na disputa estadual para a Assembleia e para a Câmara.
Fonte: Diário do Nordeste
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