O médium João de Deus, de 76
anos, deve passar a noite deste domingo (16) em uma cela individual e isolado
dos demais detentos, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, denominado
Núcleo de Custódia. Ele vai cumprir prisão preventiva, que não tem prazo para
terminar.
A negociação para que o João de
Deus tivesse tratamento diferenciado foi feita pelos advogados de defesa do
médium, que argumentaram com a idade e o estado de saúde dele João de Deus e
com o fato de ter passado por um câncer de estômago.
Paralelamente, os advogados
Alberto Toron e Ronivan Peixoto Morais Júnior preparam para amanhã um pedido de
habeas corpus na tentativa de que ele possa cumprir prisão em casa.
João de Deus é acusado e suspeito
de ter abusado sexualmente de mais de 300 mulheres que o procuraram para
cirurgias espirituais. As denúncias vieram de todo o país e também do exterior,
após o programa Conversa com Bial, da TV Globo, ter entrevistado mulheres que
se disseram molestadas pelo médium.
Vida pessoal
O médium João Teixeira de Faria é
casado e tem nove filhos – a mais nova é uma menina de 3 anos.
Ele não cobra pelas consultas e
operações espirituais realizadas na Casa Dom Inácio de Loyola, no município
goiano de Abadiânia. No local, são vendidos livros, cristais bentos, garrafas
com água “energizada” e remédios manipulados que prescreve pela farmácia
chamada JTF (iniciais de seu nome).
João de Deus tem propriedades
rurais, além de alguns imóveis em Abadiânia, e é sócio em um garimpo.
Ele era procurado pelas
autoridades policiais desde sexta-feira (14), quando foi decretada sua prisão
preventiva.
Agência Brasil
Após se entregar, João de Deus
tenta conseguir um habeas corpus
Alvo de mais de 330 denúncias de
abuso sexual, médium fica em cela individual devido à idade (76 anos)
Após se entregar à Polícia, na
tarde deste domingo (16), o médium João Teixeira de Faria, 76 anos, o João de
Deus, começou a cumprir prisão preventiva, no Complexo Penitenciário de
Aparecida de Goiânia (GO), enquanto sua defesa apresentou um pedido de habeas
corpus para suspender o encarceramento em troca de medidas cautelares, como o
uso de tornozeleira eletrônica. Em virtude da idade e dos crimes pelos quais é
acusado, o médium foi lotado em uma cela individual.
O Ministério Público recebeu mais
de 330 denúncias de abuso sexual contra João de Deus desde a revelação dos
primeiros casos. A investigação vai se concentrar em 15 casos, informou o
delegado André Fernandes. Caso se aponte para a participação de funcionários da
Casa Dom Inácio de Loyola nos supostos crimes, essas pessoas também serão alvos
do inquérito, afirmou a autoridade policial.
O encontro dele com a Polícia
ocorreu na encruzilhada de uma estrada de terra no município de Abadiânia, às
margens da BR-060. A negociação foi feita entre o advogado de João de Deus,
Alberto Toron, e o delegado. A Polícia chegou em três carros. O médium, que
estava num sítio, compareceu no veículo de um de seus advogados.
Minutos antes de se entregar, ele
chegou a passar mal. Trêmulo, pediu aos defensores para tomar um remédio
sublingual. Ele é cardíaco. Antes de ser levado à unidade prisional, ele foi
interrogado sobre as acusações e encaminhado ao Instituto Médico Legal para
exame de corpo de delito.
O criminalista Alberto Toron, que
representa o médium, negou movimentações suspeitas de R$ 35 milhões na conta e
aplicações financeiras e afirmou que seu cliente não planejava deixar o País.
“O dinheiro não foi sacado, o senhor
João de Deus apenas baixou as aplicações. Não houve movimentação. Ele não sacou
o dinheiro do banco e não estava fora do Estado”, afirmou Toron.
O criminalista disse encarar com
“estranheza” o fato de denúncias de supostos crimes cometidos há 30 anos terem
voltado à tona agora. “À medida em que os fatos forem sendo apurados, as
pessoas sendo ouvidas, vamos poder ver se são aproveitadores”, disse, ao citar
uma holandesa que denunciou João de Deus e que, segundo o criminalista, tem um
passado “mais que duvidoso”.
“Se fere de forma tão grave, como
mulheres voltaram (ao Centro Dom Inácio Loyola, onde foram cometidos os
supostos crimes) cinco vezes, oito vezes?”, questionou.
As acusações vieram dos Estados
de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro,
Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa
Catarina, Piauí e Maranhão, e pelo menos seis países - Alemanha, Austrália,
Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.
Fonte: Diário do Nordeste
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