Um dos 15 denunciados pela maior matança da história recente do Ceará teve um fim trágico. Aos 20 anos, Rennan Gabriel da Silva, o ´RG´ ou ´Biel´, morreu sob custódia do Estado, no Hospital São José, em Fortaleza, na última segunda-feira (28). Ele era apontado pela Polícia como o homem de confiança de Auricélio Sousa Freitas, o ´Celim da Babilônia´, chefe da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) nos bairros Babilônia e Barroso II, na Capital.
A reportagem apurou que a morte de ´RG´ foi constatada às 9h35, tendo como diagnóstico falência múltipla dos órgãos, tuberculose e insuficiência renal crônica. Ele estava custodiado no Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga, desde 16 de julho do ano passado.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que Rennan foi levado ao hospital no último dia 12 de janeiro e, antes do internamento hospitalar, já era acompanhado diariamente pela equipe de saúde da unidade prisional. Segundo a Pasta, quando a tuberculose foi diagnosticada, os companheiros de cela passaram por exames e o interno foi isolado dos demais.
A morte ocorreu no dia seguinte ao "aniversário" de um ano da Chacina das Cajazeiras. Na madrugada de 27 de janeiro de 2018, ´RG´ e seus comparsas teriam chegado atirando à Rua Madre Tereza de Calcutá e invadido o ´Forró do Gago´ para matar 14 pessoas.
Atuação
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), Rennan Gabriel teria sido cedido por ´Celim´ ao grupo ´Os Quebra Coco (OQC)´, a ´tropa de elite´ da GDE, que foi encarregada de colocar em prática o plano criminoso no ´Forró do Gago´. Para a investigação, o líder do ´OQC´ é Misael de Paula Moreira, o ´Afeganistão´, que teria planejado e comandado diretamente a matança e também foi preso e acusado pelo crime.
´RG´ foi o primeiro preso com envolvimento confirmado na Chacina, ao ser encontrado em sua residência, no bairro Passaré, em Fortaleza, no dia 5 de fevereiro do ano passado, na posse de uma espingarda calibre 12 e pequena quantidade de cocaína. Ao ser abordado por uma equipe da Polícia Militar, o suspeito tentou engatilhar um tiro e acabou alvejado, sendo socorrido ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro.
A arma apreendida foi periciada e corroborou para o indiciamento dele. Segundo o MPCE, "uma vez submetida à perícia para comparação balística com os projéteis extraídos dos corpos das vítimas e das munições arrecadadas no sítio (local) do crime, restou atestada a sua compatibilidade com um dos estojos colhidos no local da Chacina".
Ao ter alta médica, dez dias depois, ´RG´ foi levado ao 16º DP (Dias Macêdo), da Polícia Civil, para prestar depoimento. Ele negou participação na Chacina, mas contou detalhes do episódio, como o uso de quatro carros e seis motocicletas e de armas do tipo escopeta, e ´macaquinhas´ (metralhadoras) calibres Ponto 40, 380 e 9mm pelos criminosos; e quem eram os líderes da GDE ligados à carnificina.
Chefe
Apontado pela Polícia como um dos fundadores da GDE, ´Celim´ acabou transferido para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, no fim de 2018. Na última terça-feira (29), o advogado do detento ingressou com um pedido de relaxamento de prisão, na 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), onde ele responde a um processo por organização criminosa. A defesa alega excesso de prazo, já que o cliente está preso desde 11 de julho do ano passado.
Fonte: Diário do Nordeste