O ano de 2018 se despediu com o dezembro mais chuvoso dos
últimos 30 anos, no Ceará. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme) registrou 101.2mm, em média, no Estado, índice 220.1% acima
da média do período que é de 31.6mm.
As precipitações ficaram, ao longo do ano, um pouco acima da
média, que é de 800.6mm. Foram observados 814.9mm. O levantamento na série
histórica da Funceme entre os anos de 1973 e 2018 revela que em apenas 13 anos,
dezembro apresentou chuvas acima da média. Nos demais períodos, houve um desvio
negativo, ou seja, trata-se de um período de pré-estação chuvosa que tende a
apresentar baixos índices pluviométricos em todo o sertão cearense.
Dezembro teve recorde de chuva em 1989, quando foram
observados 138.2mm (337.3%), seguido de 1985, que registrou 115mm (263.9%).
Dezembro de 2018 ocupa a terceira colocação na série histórica com 101.2mm
(220.1%). A quarta posição foi anotada em 2010, com 88.2mm (179%) e a quinta em
1988, com 83.3mm (163.4%).
O ano terminou com reservas hídricas reduzidas a 10.8% no
Ceará, ainda assim é um percentual melhor do que nos últimos dois anos. Em
2017, o nível médio dos 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão
dos Recursos Hídricos (Cogerh) era de 7.2% e no fim de 2017, 6.7%. Em dezembro
de 2015, a situação era menos crítica, 12.1%.
De acordo com o portal hidrológico da Cogerh, apenas dois
açudes apresentam volume acima de 90%: Jenipapo, no município de Meruoca
(90.9%) e Germinal, em Palmácia (92.1%). As bacias hidrográficas das regiões
Norte e Litoral acumulam maior quantidade de reservas hídricas: Coreaú
(64,65%), Litoral (58.93%), Serra da Ibiapaba (31.39), Baixo Jaguaribe (34,88%)
e Acaraú (25,16%).
As bacias em situação mais crítica são o Médio Jaguaribe
(4,33%), onde está situado o açude Castanhão, o maior do Ceará, e responsável
pelo abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza; Sertões de Crateús
(5,94%) e Alto do Jaguaribe (6,3%). A bacia do Banabuiú, que corta parte do
Sertão Central, também está crítica com 6,96%.
Mais uma vez o olhar dos técnicos e gestores se volta para a
próxima quadra chuvosa. Se não houver recargas substanciais em açudes
estratégicos, a crise de abastecimento tende aumentar nas cidades cearenses que
dependem do Orós (5,8%), Trussu, em Iguatu, que está com apenas 4,3%, e
Banabuiú com 5,4% de sua capacidade total.
Prognóstico
Na segunda quinzena deste mês, a Funceme vai divulgar o
primeiro prognóstico para a quadra chuvosa. A preocupação dos meteorologistas é
com a intensidade de fenômeno El Niño (aquecimento das águas superficiais do
Oceano Pácifico), que pode interferir na formação de nuvens de chuva no Ceará
nos meses de março e abril que, historicamente, são os que registram maiores
índices.
O meteorologista da Funceme, Raul Fritz, destacou a
importância das chuvas em dezembro para a formação de pastagens nativas,
melhorando as condições de alimentação do rebanho, mas ressaltou que elas foram
insuficientes para a recarga de médios e grandes reservatórios.
Fonte: Diário do Nordeste
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