O senador eleito Cid Gomes (PDT) e o candidato derrotado à Presidência da República, Ciro Gomes, definiram o apoio à Tasso Jereissati (PSDB) à presidência do Senado Federal. Questionados separadamente antes da solenidade de posse do governador Camilo Santana (PT), ontem na Assembleia Legislativa, os irmãos apontaram que o senador tucano reúne aspectos que não seriam “nem de uma situação automática e nem de uma oposição sistemática” ao governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Cid disse se dedicar à tarefa de formar um bloco de “15 ou 16” senadores de cinco partidos para atuar “além da formação da mesa e da composição das comissões”. Os partidos, não detalhados ontem por Cid, poderiam ser PDT, PRB, PRP, PPS e setores do PSDB.
“Existe o sentimento de colocar o Senado como um poder independente, compreendendo o papel relevante que terá de poder moderador, de manter estabilidade para o País num governo de muita imponderabilidade, que, creio, será o governo Bolsonaro. Imagino que a quantidade de pessoas que tenham esse sentimento em comum possa chegar a 50 senadores”, desenhou Cid. Para ele, Tasso “é um nome que define esse sentimento”. O número representaria 61% dos 81 senadores que compõem a Casa.
Pensando em um cenário de articulação federal com o Ceará, Ciro foi ainda mais enfático quanto às declarações em relação a Tasso. “Evidentemente é o Cid que comanda essas coisas, mas eu vibraria muito com a eleição dele (Tasso)”, afirmou.
Ciro foi apadrinhado de Tasso no início da carreira política. Os Ferreira Gomes e o senador tucano se distanciaram desde o mandato do Cid Gomes à frente do Governo do Estado. Durante esse tempo, Tasso e o PSDB têm se apresentado como oposição aos Ferreira Gomes localmente, tanto na Assembleia, quanto durante as campanhas eleitorais. A declaração de Ciro pode indicar uma reaproximação dos então adversários políticos, e é representativa de como será a postura nacional de oposição do PDT ao governo de Bolsonaro – distante de laços com PT e parte da esquerda, e mais próxima de setores de centro e de direita.
O senador eleito diferenciou a situação local, por serem aliados do PT cearense, da conjuntura nacional, declarando que, nacionalmente, a relação entre PDT e PT é de mais “animosidade”. “O que eu desejo é que o PDT possa marcar nossa identidade, somos diferentes a nível nacional. Mas certamente é razoável que em muitas situações nós estejamos na mesma estratégia e defendendo as mesmas bandeiras”, declarou.
Sobre a não presença do PT na posse do presidente Bolsonaro, Ciro voltou a tecer duras críticas ao partido, antes aliado. “(É uma postura) Desrespeitosa com a maioria do eleitorado (que elegeu o Bolsonaro). Acho uma infantilidade, mais uma aberração dessa burocracia corrompida do PT, que é um desastre”, criticou. Ainda assim, Ciro afirmou que não iria à posse de Bolsonaro. “A propósito, não fui sequer convidado, mas, se fora, não iria”.
(O POVO – Domitila Andrade e Carlos Mazza/Fotos – Agência Câmara Facebook)
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