Faltando pouco mais de 45 dias para o fim da quadra chuvosa, o quadro permanece de alerta quando o assunto é recarga hídrica nos 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Trinta e dois açudes atingiram o nível máximo até aqui e se encontram sangrando. No entanto, permanece preocupante a situação dos grandes açudes, que além de maiores em capacidade de reservação, transcendem as suas próprias bacias hidrográficas: Banabuiú, Orós e Castanhão. No quadro geral de monitoramento, há ainda sete açudes secos, 19 em volume morto e outros 81 com menos de 30% de suas capacidades.
“Até o momento, o comportamento das chuvas tem confirmado as previsões da Funceme, com os maiores volumes de precipitações concentrados na porção mais ao Norte do Estado”, destaca João Lúcio Farias, presidente da Cogerh. “Justamente nas áreas onde a situação hídrica já estava mais confortável. Quer dizer: estamos recebendo mais chuvas nas bacias que já se encontravam em melhores níveis”, resume.
Para o diretor de operações da Cogerh, Bruno Rebouças, é preciso aguardar o fim da quadra chuvosa. Segundo ele, os primeiros dias de abril foram alentadores.
“Começamos a observar melhores aportes, sobretudo no Orós. Mas ainda estamos muito aquém do desejado”, lamenta. Rebouças destaca a robustez do sistema hídrico construído ao longo de décadas no Ceará. “O nosso sistema é capaz de transferir água de uma bacia para outra e, com isso garantir o abastecimento de uma região densamente povoada como a Grande Fortaleza mesmo num quadro de estiagem tão prolongado como esse que ainda estamos atravessando”, avalia.
Neste ano, com as chuvas mais concentradas ao Norte do Ceará, o “Sistema Metropolitano” – formado pelos açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião – tem sido beneficiado com boas recargas.
“Mas, não estamos parados, esperando só pela chuva. As obras continuam: perfuração de poços profundos, construção de adutoras, busca por novas fontes hídricas, dentre outras”, destaca Farias.
Diversificação da matriz
O secretário Francisco Teixeira (SRH), costuma afirmar que, em recursos hídricos não existem alternativas excludentes nem definitivas. Teixeira diz que, no semiárido equatorial, não há uma solução, uma fórmula, mas um somatório de medidas que resultam na melhoria da garantia hídrica. Corroborando com o secretário, Bruno Rebouças destaca que, aquilo que serve pra um caso, nem sempre serve para outro: “Nos deparamos com as situações mais diversas e, para essas situações, medidas igualmente diversas”, pontua.
É no âmbito do Grupo de Contingência que as soluções costumam aparecer. Para uma cidade, poços profundos, para outra, a construção de adutora. Uma pequena comunidade pode ser atendida por dois chafarizes. “A peleja é diária, mas o governo, além de garantir os recursos para as obras emergenciais, não perde de vista o planejamento estratégico. Por isso estão em andamento projetos importantes como o da dessalinização e o do reúso de efluentes (esgoto) para indústria”, destaca João Lúcio Farias.
“Esses projetos são de fundamental importância para o Estado que, mais uma vez, em recursos hídricos, sai na frente com a primeira planta de dessalinização de grande porte do País”, avalia Farias. Para o presidente da Cogerh, a busca por novas fontes, como o aquífero dunas também ajudará no aumento da garantia hídrica. “Temos, por exemplo, um grande potencial de água subterrânea no nosso litoral. A Cogerh já vem estudando isso desde o início dos anos 2000. Agora é a hora de explorar esse potencial,“ aponta.
Transposição
Farias ainda destaca as obras da Transposição do Rio São Francisco, cujas águas estão prometidas para chegar no segundo semestre deste ano. “Isso aumentará ainda mais a garantia hídrica, sobretudo para as cidades do Vale do Jaguaribe e da Região Metropolitana de Fortaleza”, avalia.
Por G1 CE
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