O cantor cearense Raimundo Fagner
foi amigo de João Gilberto e lamentou o falecimento do artista baiano. Ícone da
bossa nova, João faleceu na última sexta (5), aos 88 anos, segundo seu filho,
João Marcelo Gilberto, anunciou nas redes sociais neste sábado (6).
"Ele era um cara
extraordinário, que revolucionou a música brasileira. Fui muito fã dele.
Construímos uma amizade do nada, e nos falamos muito, sempre por telefone. Era
divertido, crítico, um cara que, para você se relacionar, era preciso entrar na
graça dele", pontuou Fagner.
O cearense conta que, desde que
soube da morte de João Gilbero, seu telefone não parou de tocar. Dentre os
nomes da música cearense, Fagner foi um dos poucos que estreitou laços de
amizade com o baiano. João vivia recluso, pouco socializava, e era de seu
hábito manter contato com amigos, família e parceiros, apenas por
telefone.
Fagner recapitula que os dois não
tinham contato há "três ou quatro anos". "Ele gostava muito de
futebol. Antes da Copa de 82, me ligou e disse assim: 'Fagner, diga para o Telê
(Santana, técnico do Brasil) não escalar aquele jogador'. Depois que a seleção
perdeu, ele reclamou que o Brasil perdeu porque não falei com o Telê
(risos)", recorda o cantor cearense.
Os dois já moraram próximos, no
bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. Dona Angelita, cozinheira de Fagner,
chegou a trabalhar com João Gilberto também. "Ela fazia meu café, e depois
ia pra casa dele preparar o almoço", detalhou.
Antes de estabelecer amizade,
Fagner conheceu o "folclore" em torno de João Gilberto por meio de
Ronaldo Bôscoli, ex-marido de Elis Regina e "padrinho" do cearense no
Rio de Janeiro. "Sempre procuramos afinidades nas conversas. Ele falava
muito da música do Ceará, dos conjuntos vocais, como o Quatro Ases e um
Coringa, o Trio Nagô".
Miúcha
Outro elo entre Fagner e João
Gilberto foi Miúcha (1937-2018), irmã de Chico Buarque e ex-esposa do baiano (a
cantora Bebel Gilberto é filha do casal). "Ela vinha bastante na minha
casa, até por conta dele, que mandava muitos amigos que queriam me conhecer,
como desembargadores. Pessoalmente, tive essa proximidade mais pela família, do
que dele", conta.
Musicalmente, no entanto, Fagner
destaca que João Gilberto não lhe influenciou. Os dois não chegaram a tocar
projetos artísticos juntos. "Lamento bastante sua perda, apesar de saber
que ele já vinha doente e envolvido em uma série de problemas",
complementa o cearense.
Fonte: Diário do Nordeste
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