A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (21) o
projeto que permite posse de arma em toda a extensão da propriedade rural. Como o texto já passou pelo Senado, seguirá para o
presidente Jair Bolsonaro decidir se sanciona, veta parcialmente ou veta a
íntegra.
O projeto aprovado tem teor semelhante ao de decreto
presidencial de 25 de julho que trata do registro e da posse de armas de fogo e
de munição (n° 9.845/2019). O decreto já previa que a posse de arma vale para
"toda a extensão da área particular do imóvel, edificada ou não",
mesmo quando se tratar de imóvel rural.
A urgência do texto votado na Câmara foi aprovada nesta terça
(20), o que viabilizou a votação da proposta diretamente pelo plenário, sem
discussão em comissões.
O direito ao porte é a autorização para transportar a arma
fora de casa. O direito à posse só permite manter a arma dentro de casa.
Entenda o projeto
De acordo com o Estatuto do Desarmamento, de 2003, quem tem
posse de arma pode manter o objeto "no interior de sua residência ou
domicílio".
Portanto, no caso de propriedade rural, a posse só é
permitida na sede da fazenda.
O texto aprovado pela Câmara, contudo, estabelece a chamada
"posse rural estendida", ou seja, permite que a posse de arma se
estenda por toda a propriedade rural.
Argumentos pró e contra
Durante toda a sessão, deputados apresentaram argumentos
favoráveis e contrários ao projeto.
José Mário Schreiner (DEM-GO), por exemplo, afirmou que o
morador do campo precisa de arma para proteger não só a casa, mas toda a
propriedade.
"Só quem não conhece a realidade do homem e da mulher
rural, do pequeno, do médio ou do maior proprietário e principalmente dos
trabalhadores rurais, não entende a vulnerabilidade que os produtores rurais
vivem no nosso país", disse.
Na mesma linha, Domingos Sávio (PSDB-MG) disse que o poder
público não consegue garantir "a menor condição" de segurança no meio
rural.
Deputados contrários ao projeto, porém, como Paulo Teixeira
(PT-SP), argumentaram que liberar a posse de arma pode aumentar a violência.
"A liberação de armas num país onde há 60 mil
homicídios vai aumentar a violência e os homicídios. O que está se tentando
fazer ao liberar mais armas no campo é potencializar o conflito agrário, para
que haja mais mortos e mais vítimas", disse o deputado.
Também contrário, Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse que
"ninguém quer ver desproteção" do morador do campo, mas "não é
verdade" que a ampliação da posse de arma protegerá mais quem vive em área
rural.
G1 Brasília
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