Telsângenes Diógenes está preso
na Cadeia Pública de Jaguaribe, após ser detido em Ererê
O fazendeiro e agropecuarista
Francisco Telsângenes Diógenes, suspeito de ter mandado matar o pai adotivo
para ficar com uma herança de R$ 3 milhões, além de terras, foi preso novamente
nesta quarta-feira (21) durante uma operação realizada pela Polícia Militar. O
fato ocorreu em uma das propriedades do acusado, na zona rural do Município de
Ererê, na região do Vale do Jaguaribe (a 315Km de Fortaleza).
De acordo com as autoridades, a
operação foi desencadeada por policiais do Batalhão de Policiamento do Meio
Ambiente (BPMA), destacados em Jaguaribe. Eles teriam recebido denúncias
anônimas dando conta da existência de várias armas de fogo e animais silvestres
em cativeiro na fazenda de Telsângenes, localizada no Sítio Lagoa Redonda, em
Ererê.
Imediatamente, uma patrulha
comandada pelo 2º tenente PM Yrtonny, se deslocou até a propriedade e, após uma
detalhada busca na propriedade, localizou e apreendeu o armamento que estava em
poder do fazendeiro: uma pistola Taurus de calibre 380, um rifle modelo Puma,
de calibre 38; além de munições. Também foi encontrado um pássaro silvestre em
cativeiro, uma graúna, o que caracterizou em crime ambiental contra a fauna
brasileira.
De acordo com a PM, o fazendeiro
recebeu voz de prisão e foi conduzido até a Delegacia Regional de Jaguaribe,
onde foi autuado em flagrante por crimes ambiental e porte ilegal de armas e
munições. Telsângenes Diógenes também foi indiciado por crime de receptação,
pois a Polícia descobriu que a pistola encontrada na fazenda era roubada. Após
o flagrante, o agropecuarista foi transferido para a Cadeia Pública de
Jaguaribe, onde permanece detido.
Matou o pai
Em junho de 2010, Telsângenes
Diógenes foi denunciado pelo Ministério Público como autor do assassinato de
seupai adotivo, o também fazendeiro e agropecuarista Antônio Mardônio Diógenes
Osório, ex-prefeito de Pereiro, que tinha 66 anos quando foi morto. O crime
ocorreu na manhã do dia 31 de dezembro de 2009, em uma de suas propriedades
rurais no Vale do Jaguaribe, a Fazenda Campos, no Município de Pereiro (a 346Km
de Fortaleza). De acordo com o MP, representado pelo promotor de Justiça,
Marcos Vinícius de Oliveira Nascimento, Telsângenes matou o pai juntamente com
seu empregado, o vaqueiro e motorista Francisco Rodrigues de Queiroz, 36.
De acordo com as investigações
realizadas na época pelo então delegado de Jaguaribe, Edmar Beserra Granja, o
motivo do assassinato foi econômico. Telsângenes matou o pai adotivo para ficar
com uma herança estipulada, na época, em R$ 3 milhões. O dinheiro foi fruto de
uma indenização
Mardônio Diógenes, que gozava de
uma ampla liderança política no Vale do Jaguaribe e era ex-prefeito de Pereiro,
foi executado com 10 tiros de revólver calibre 3.57 logo após fiscalizar o
conserto na Fazenda Campos. Ele havia deixado os trabalhadores no local e
retornava para casa em sua caminhoneta, quando foi baleado a queima-roupa.
No decorrer das investigações,
com vários depoimentos tomados, confrontação de provas e perícias realizadas,
as autoridades policiais concluíram que, Mardônio Diógenes foi morto pelo
próprio filho adotivo e por um de seus empregados. Na denúncia consta que
Mardônio e a esposa, Maria das Graças de Aquino Moreira, haviam adotado
Telsagenes que, na verdade, era filho natural de um irmão do político com
Zulene Pontes Martins. Entretanto, insatisfeita com o fato, Zulene moveu, em
2002, um processo de anulação do registro de nascimento do filho, obtendo
êxito, com o processo já transitado em julgado (não cabendo mais recurso). A
partir de então, o relacionamento entre o fazendeiro e o filho adotivo passou a
ser marcado por "acirradas discussões", pois a anulação da adoção
excluiu o rapaz da herança.
Por último, Telsângenes teria
ficado revoltado ao saber que Mardônio vendera, por cerca de R$ 2,8 milhões,
800 lotes de terra de outra fazenda, no Município de Ererê, e não passou nenhum
valor desse dinheiro para o filho. Antes de morrer, o ex-prefeito de Pereiro
teria revelado para sua outra filha, Mardênia Aquino Diógenes; e para a irmã,
Maria Santelma Diógenes, que vinha sofrendo "constantes ameaças" do
filho.
"A conduta do denunciado
demonstra maldade e a repugnância do motivo vil de matar seu próprio pai
adotivo para ficar com a herança", ressaltou o promotor na denúncia.
Por Fernando Ribeiro
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