O primeiro contato do estudante de Engenharia Mecatrônica,
Mikael Lopes (24), com a geração de energia através de placas fotovoltaicas foi
ao ser contratado como estagiário para o setor administrativo da empresa Helio
Energia, há quatro anos. Ele diz que "caiu de paraquedas" na
profissão. À época, Mikael era estudante de Secretariado Executivo, mas já
tinha cursado um semestre de Engenharia e acabou sendo inserido nas atividades
de montagem e instalação dos projetos.
"Já tinha uma noção de desenhos de projetos, mas o que
foi decisivo para eu entrar nesse ramo foi o fato de saber inglês. Naquela
época, quase não tinha literatura em português, então eu pegava os manuais dos
softwares e relatórios de empresas estrangeiras e traduzia", conta. Depois
de ser incorporado à equipe técnica, Mikael fez diversos cursos para se
aprofundar no assunto. "Nunca pensei em trabalhar com geração distribuída.
Peguei gosto e hoje é o que me move".
O estudante faz parte dos cerca de 1,65 mil profissionais que
estão empregados no setor de energia solar no Estado, segundo estimativa do
Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado
do Ceará (Sindienergia). Conforme projeção do diretor executivo, Ribamar
Carneiro, a instalação de cada megawatt (MW) gera 30 novos empregos diretos.
Atualmente, o Estado possui cerca de 55 MW instalados, valor que deve passar
dos 70 MW até o fim do ano, gerando aproximadamente 700 novos postos de
trabalho.
Volatilidade
"Hoje, nós temos 350 empresas que lidam com geração distribuída
no Ceará. Desse total, 50 são associadas ao nosso sindicato. A maioria delas
são micro e pequenas empresas, que são abertas no nome do proprietário e
emprega uma ou duas pessoas além do dono", afirma Carneiro. Ele pondera
que, apesar da constante crescente do mercado, ainda há um abre e fecha
significativo de estabelecimentos.
"A Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar
Fotovoltaica) possui uma estimativa de que novas 500 empresas do segmento são
abertas todos os meses no Brasil. Mas, ao mesmo tempo, cerca de outras 400
fecham. Isso porque as pessoas abrem uma empresa sem estrutura e fecham
rapidamente, porque não conseguem sobreviver", aponta o diretor executivo.
Na Helio Energia, Mikael revela que já foram contratadas sete
pessoas com carteira assinada, em posições de engenheiro a técnicos. "É
uma área interessante para quem pensa em se especializar. O mercado está
crescendo muito, temos visto pelos leilões que tem acontecido, pelas empresas
de outros ramos que estão aderindo à geração de energia solar fotovoltaica,
pela alta demanda. E ainda não há muitos profissionais especializados, então é
uma boa oportunidade", recomenda o estudante.
Outras cadeias
Além dos empregos diretos, a instalação de novos painéis
fotovoltaicos beneficiam outras cadeias produtivas, como a indústria e até
mesmo o segmento educacional. Ribamar Carneiro destaca que as vagas diretas são
principalmente para desenho e instalação dos projetos. Já os indiretos, ficam
responsáveis pela manutenção dos equipamentos.
"Muitos consumidores que antes não tinham alguns
equipamentos por conta do alto custo da energia elétrica passaram a colocar
aparelhos de ar-condicionado e outros eletrodomésticos após adquirir as placas.
Isso aumenta o consumo da indústria", ressalta o diretor do Sindienergia.
Capacitação
Carneiro ainda cita que o segmento educacional tem sido um
dos mais beneficiados. "Hoje, há universidades que já ofertam cursos de
Engenharia voltados para energias renováveis. Ou seja, todo semestre temos
profissionais sendo formados e que irão desenvolver projetos com a melhor
qualidade possível", afirma.
No âmbito do ensino técnico, o representante do Sindienergia
aponta o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) como um dos
principais provedores de treinamentos. Somente no Ceará, a Instituição já
formou 547 alunos nos cursos do segmento de energia solar fotovoltaica desde
2016, totalizando 39 turmas. Atualmente, duas turmas estão em andamento e
outras 16 estão recebendo matrículas, somando 128 vagas.
Entre os cursos disponíveis estão os de montador e de
montagem de sistemas fotovoltaicos, de eletricista de redes de distribuição de
energia elétrica presencial, de termografia aplicada à manutenção elétrica, de
dimensionamento, de comissionamento e de especialização técnica em sistemas
fotovoltaicos. Os valores variam de R$ 270 a R$ 4.350. A pré-inscrição para as
turmas podem ser feitas no site da Instituição.
Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário