A Chacina do Forró do Gago completa dois anos hoje sem que os acusados tenham sido julgados. Não há, inclusive, previsão de julgamento, já que os processos que apuram o caso ainda se encontram em fase inicial. Não foi realizada sequer audiência de instrução até o momento. Em 27 de janeiro de 2018, naquela que foi a maior chacina da história moderna de Fortaleza, 14 pessoas foram mortas no bairro Cajazeiras, durante uma festa na casa de espetáculos. Outras 15 ficaram feridas.
Ao todo, 15 pessoas foram acusadas e figuram como rés. A denúncia do crime havia sido recebida ainda em dezembro de 2018. Mais dois adolescentes foram apontados como tendo participação na chacina, sendo encaminhados para cumprimento de medidas socioeducativas.
Em parecer no último dia 15 de janeiro, o Ministério Público Estadual (MPCE) relata que todos os réus denunciados foram citados, mas que apenas cinco haviam apresentado defesa preliminar. Passado prazo para a resposta, oito não haviam apresentado a peça. Foi requerido que defensores públicos assumissem suas defesas. Quanto a um outro acusado era aguardado que sua advogada particular fosse intimada. O 15º réu morreu na espera. Rennan Gabriel da Silva faleceu, em janeiro de 2019, no Hospital São José. Laudo informa que ele foi morto em decorrência de tuberculose, contraída enquanto estava preso no Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado (TJCE) afirmou que o processo segue "trâmite regular" na 2ª Vara do Júri de Fortaleza. "É importante considerar a complexidade do processo que possui mais de 2.400 documentos; vários pedidos de liberdade provisória e revogação de prisão preventiva; e a desistência de vários advogados; além dos diferentes locais de prisão dos réus, inclusive em outros estados", diz o texto do TJCE. Por fim, a nota ressalta que o processo é conduzido por um colegiado composto por três juízes e um suplente que já atua no referido processo.
O parecer do MPCE ainda relata que cinco dos réus se encontram em presídios federais. Eles são apontados como integrantes da cúpula da Guardiões do Estado e teriam autorizado e/ou articulado a execução. São eles: Deijair de Sousa Silva, o De Deus; os irmãos Noé de Paula Moreira, o Gripe Suína, e Misael de Paula Moreira, o Afeganistão; Francisco de Assis Fernandes da Silva, o Barrinha; e Auricélio Sousa Freitas, o Celim da Babilônia. Deijair teve o processo desmembrado, mas também não foi julgado ainda. Também esse processo aguarda início da fase de instrução. No começo do ano, a defesa de Deijair entrou com pedido de liberdade argumentando que a prisão se tratava de constrangimento ilegal. O pedido não foi concedido em caráter liminar, conforme decisão de 21 de janeiro último, mas aguarda ainda julgamento.
A Chacina das Cajazeiras ocorreu no contexto da guerra entre as facções GDE e Comando Vermelho (CV). Conforme a investigação, no Forró do Gago, já tinham sido organizadas diversas festas patrocinadas por membros do CV. A Polícia Civil apurou que, inicialmente, o ataque ocorreria em uma casa de clubes do bairro Messejana, mas os integrantes da GDE teriam constatado que no local havia rivais armados. Os tiros foram disparados de maneira aleatória nas vítimas. Onze delas sequer tinham antecedentes criminais. Uma granada chegou a ser lançada pelos criminosos, mas não foi detonada.
Por: O Povo
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