Um cabeleireiro morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do José Walter, em Fortaleza, na última quarta-feira (1º), após uma abordagem da Polícia Militar do Ceará (PMCE). A morte de Aldicélio da Silva Frazão, de 31 anos, levantou versões que se contradizem, e o caso é investigado tanto pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD).
A família do cabeleireiro afirmou à reportagem que ele foi "espancado e torturado" por policiais militares, que estiveram na residência onde ele morava e mantinha um salão de beleza, no bairro Barroso, na Capital, no dia 28 de dezembro do ano passado.
"A Polícia chegou dando abordagem, botou os clientes para fora. (Os policiais) reviraram tudo na minha casa. Levaram meu irmão lá para cima e mataram meu irmão. Ele foi para a UPA e (os policiais) disseram que acharam ele afogado. Mas não foi assim", afirmou a irmã de Aldicélio, Leica Frazão.
A reportagem teve acesso à ficha de atendimento de Aldicélio na UPA, que confirma a queixa de "afogamento", tendo dado entrada na unidade de saúde às 16h47 daquele dia 28 de dezembro. No primeiro atendimento, o médico identificou "respiração inadequada", com um diagnóstico hipotético de "asfixia".
Aldicélio Frazão passou quatro dias na UPA e morreu no primeiro dia de 2020. O fato revoltou a família e os vizinhos do cabeleireiro, que realizaram um protesto no fim da tarde desta quinta-feira (2), durante o velório do homem, no Barroso. Aos gritos de "mataram um cidadão" e com cartazes de "pai de família morto pelo Cotam", os manifestantes queimaram madeiras e fecharam as ruas Amâncio Pereira e Emiliano de Almeida Braga.
A Polícia Militar interveio com balas de borracha e spray de pimenta e dispersou o protesto, no início da noite desta quinta-feira (2). O Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) também foi acionado para a ocorrência e apagou o fogo.
Prisão
A Polícia Militar informou, em nota, que PMs do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) foram averiguar uma denúncia na Rua Topázio, no bairro Barroso, e encontraram, na residência de Aldicélio, um revólver calibre 38, com quatro munições intactas, além de 55 gramas de maconha e 48 gramas de cocaína. O material foi apreendido e o suspeito preso.
"Logo após serem localizados os materiais ilícitos e ser indagado sobre sua origem, o suspeito começou a passar mal e vomitar. Objetivando restabelecer o bem-estar do abordado, os PMs realizaram procedimentos para desobstrução das vias aéreas, não obtendo êxito e vindo ele a desmaiar. A composição, portanto, socorreu Audicelio à Unidade de Pronto Atendimento do Bairro José Walter, vindo a óbito ontem (no caso, quarta-feira), 1º de janeiro", completou a PM.
Policiais militares do Comando Tático Motorizado (Cotam), pertencente ao CPChoque, registraram um auto de prisão em flagrante de Aldicélio Frazão, no 13º DP (Cidade dos Funcionários, da Polícia Civil, na noite de 28 de dezembro último. Em depoimento os PMs contaram que o suspeito passou mal, tossindo e apresentando sinais de engasgo, momento em que eles tentaram realizar "manobras de desengasgo" e depois o levaram à UPA.
A CGD afirmou "que determinou averiguação dos fatos narrados e, caso seja identificada transgressão disciplinar, instaurará investigação preliminar de imediato para a devida apuração na seara administrativa. As investigações possuem caráter sigiloso".
Um homem que foi alvo de uma abordagem de policiais militares morreu no hospital. A família denuncia que o cabeleireiro de 31 anos foi torturado e morto pelos PMs. Já a Corporação afirma que o homem passou mal durante a abordagem, e os militares tentaram socorrê-lo.
Fonte: Diário do Nordeste
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