A situação no setor hoteleiro no Ceará é cada dia mais crítica com a crise provocada pelo novo coronavírus. Com hotéis praticamente vazios e trabalhadores de férias coletivas, estabelecimentos começaram a fechar as portas temporariamente, tendo em vista uma ocupação média de 10% nos grandes empreendimentos e de cerca de 3% em hotéis e pousadas menores.
Segundo Ivana Bezerra, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-CE), ainda não houve demissões como está ocorrendo em bares e restaurantes, mas a situação pode piorar até o fim desta semana. "Quem está hospedado, está somente em função da dificuldade de sair de Fortaleza. A tendência é a ocupação cair muito. Temos gente saindo e nenhum hóspede chegando", desabafa a empresária, que tem um hotel na Capital e que deve fechar as portas temporariamente até quarta-feira (25).
Para Vera Lúcia, presidente da Associação dos Meios de Hospedagem e Turismo do Ceará (AMHT), que congrega hotéis e pousadas de pequeno porte, a preocupação maior é com a sobrevivência dos pequenos e médios empreendimentos.
"A situação está caótica. Tem hotéis que só vão ter hóspede até quarta-feira no máximo. Nesse momento, a ocupação está em 3%. Já tem hotel que está sem ninguém. Não falamos em demissão com ninguém por enquanto. Os associados estão pensando em férias coletivas", diz Vera Lúcia, acrescentando que apenas 50% dos hotéis e pousadas estão funcionando atualmente com hóspedes, mas a tendência é que os fechamentos provisórios ocorram nos próximos dias.
Demandas
A ABIH-CE já encaminhou na última semana demandas para o Governo do Estado e para a Prefeitura de Fortaleza. Nos documentos, a entidade pede aprovação de decreto para postergar o pagamento de impostos e taxas estaduais, como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e municipais, como o Imposto sobre Serviços (ISS) e sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
Além disso, a Abih pede carência de tributos que estão sendo parcelados e oriundos de acordos pregressos, suspensão de qualquer ação fiscalizatória para os órgãos do Estado e da Prefeitura, lançamento de Refis estadual com foco nas atividades do setor de turismo, campanha de publicidade com foco na promoção turística e dos eventos do Ceará e de Fortaleza para o mercado nacional e internacional na retomada das atividades e investimentos em 90 ou 120 dias.
Outra medida solicitada pela entidade é parecer favorável do Ministério Público, Procon e Decon em relação à contração de diárias de hospedagens e remarcação de viagens contratadas pelo consumidor, frente ao não cancelamento e devolução de valores.
"Os hotéis e as agências não possuem reservas financeiras hoje para realizar a devolução de valores, a solução seria a utilização do crédito das hospedagens pagas posteriormente e a remarcação das viagens, o que contribuirá para que os setores não entrem em colapso, na manutenção do negócio e sem prejudicar o consumidor", diz o documento.
Cariri
Na Região do Cariri, a situação no setor também é crítica. Segundo o secretário de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte, Júnior Feitosa, foi assinado, ontem, decreto proibindo o funcionamento de hotéis, pousadas, motéis e ranchos, além de agências bancárias e lotéricas na cidade.
"A orientação é que as pessoas fiquem em casa. Se a gente demorar e não for enérgico, as coisas vão demorar a passar. Não existe mais movimentação de turistas em Juazeiro do Norte, apenas pessoas e moradores em supermercados e farmácias", explica.
Segundo ele, os empresários do setor hoteleiro ainda não se pronunciaram sobre as medidas da Prefeitura. "Estamos esperando medidas por parte dos governos Federal e Estadual. O momento não é fácil, e o empresário está tentando manter a sua empresa. Ainda não temos medidas de socorro, mas estamos avaliando tudo isso. A princípio, o nosso foco são as vidas", reitera.
Com a quarentena imposta para reduzir a disseminação do coronavírus, grandes e pequenos hotéis sofrem com a falta de hóspedes no Estado. Estabelecimentos começam a fechar as portas
Grupo interrompeu a operação de hotéis em Aquiraz, no Cumbuco e em Fortaleza
Com uma ocupação cada vez menor por conta das medidas para enfrentar a pandemia do novo coronavírus em diversos países, alguns hotéis já começaram a fechar as portas temporariamente. É o caso, por exemplo, da Rede Carmel, que tem cinco estabelecimentos hoteleiros no Estado, incluindo resorts de luxo no litoral cearense.
De acordo com a empresa, a Desde de ontem (23) a operação de três hotéis da rede no Estado foi interrompida provisoriamente até o dia 30 de abril.
"A partir desta segunda-feira, interrompemos a operação dos hotéis Carmel Charme (Praia do Barro Preto), Carmel Cumbuco (Cumbuco) e Carmel Express (Praia de Iracema) até o dia 30 de abril. Carmel Taíba e Carmel Magna seguem operando de acordo com os mais rigorosos protocolos de higienização. As medidas foram tomadas baseadas nas orientações do Ministério da Saúde do Brasil e Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e visam preservar a saúde de nossos colaboradores e hóspedes", informou a rede em nota à reportagem.
Carmel fecha três unidades até abril
Segundo o Carmel, os dois hotéis que permanecem abertos estão com ocupação moderada. A rede não informou a porcentagem de lotação nas unidades atualmente, mas disse que muitos hóspedes remarcaram suas viagens.
Sobre os prejuízos causados com os fechamentos, a empresa informou apenas que não compartilha esses números.
Em relação às remarcações feitas pelos hóspedes, o Carmel destacou que elas estão sendo feitas sem a cobrança de multas.
A rede tem dois hotéis em Fortaleza (Praia de Iracema), um na Praia da Taíba (São Gonçalo do Amarante), um no Cumbuco (Caucaia) e na Praia do Barro Preto (Aquiraz).
Atualmente, a empresa emprega, contando todos os estabelecimentos, 500 funcionários.
POR: DIÁRIO DO NORDESTE
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