O presidente Jair Bolsonaro formalizou a exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. O decreto oficializando a mudança, que foi publicado nesta sexta-feira (24) no Diário Oficial da União (DOU), vem assinado tanto pelo presidente quanto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a cuja pasta a PF é subordinada.
No decreto, consta que a exoneração ocorreu "a pedido".
Ontem, ao ser comunicado por Bolsonaro sobre a decisão, Moro avisou que deixaria o governo e afirmou que não poderia aceitar mudanças na chefia da instituição.
Antes da publicação no DOU, interlocutores do Palácio do Planalto, chegaram a falar em um recuo temporário do presidente, após uma ofensiva da cúpula militar do Governo.
Desgaste entre Bolsonaro e Moro por saída de Valeixo começou ano passado
Valeixo foi escolhido por Moro para o cargo ainda na transição, em 2018. O delegado comandou a Diretoria de Combate do Crime Organizado (Dicor) da PF e foi Superintendente da corporação no Paraná, responsável pela Lava Jato, até ser convidado pelo ministro, ex-juiz da Operação, para assumir a diretoria-geral.
Embora a indicação para o comando da PF seja uma atribuição do presidente, tradicionalmente é o ministro da Justiça quem escolhe.
Interlocutores de Valeixo dizem que a tentativa de substituí-lo ocorria desde o início do ano, mas que não teria relação com o que aconteceu no ano passado, quando Bolsonaro tentou pela primeira vez trocá-lo por outro nome. Na ocasião, o presidente teve que recuar diante da repercussão negativa que a interferência no órgão de investigação poderia gerar.
No ano passado, após Bolsonaro antecipar a saída do superintendente da corporação no Rio de Janeiro, ministro e presidente travaram uma queda de braço pelo comando da PF.
Em agosto, o presidente antecipou o anúncio da saída de Ricardo Saadi do cargo, justificando que seria uma mudança por "produtividade" e que haveria "problemas" na superintendência. A declaração surpreendeu a cúpula da PF que, horas depois, em nota contradisse o presidente ao afirmar que a substituição já estava planejada e não tinha "qualquer relação com desempenho".
Nos dias seguintes, Bolsonaro subiu o tom. Declarou que "quem manda é ele" e que, se quisesse, poderia trocar o diretor-geral da PF.
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