Manaus e Fortaleza deveriam adotar medidas de isolamento máximo, chamado de 'lockdown', para barrar o aumento no número de casos de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, afirma Julio Croda, infectologista, pesquisador da Fiocruz e ex-diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde durante a gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
O "lockdown" é o bloqueio total de circulação de pessoas, mais restritivo que o isolamento social. A medida foi adotada em alguns países com alto número de casos de Covid-19, como começou em Wuhan, na China, considerada o epicentro da doença, e também na Espanha e Itália. No Brasil, a medida não foi adotada, mas é citada pelo Ministério da Saúde, conforme consta no Boletim Epidemiológico 14, divulgado nesta segunda (27).
Croda comandava um centro de operação em emergência, dentro do ministério da Saúde, que contava com representantes de várias pastas. Ele afirma que Mandetta costumava convocar técnicos e avaliar dados para traçar políticas de combate ao Covid-19. Croda deixou o ministério em março após o governo federal anunciar um "comitê de crise", que ficaria sob gestão da Casa Civil. Em abril, Mandetta também deixou o cargo. No último domingo, o ex-ministro afirmou que Bolsonaro "exonerou a ciência" quando decidiu demiti-lo.
Segundo Croda, as medidas de prevenção ao coronavírus no Brasil precisam ser diferentes para cada macrorregião. Para isso, leva-se em conta o número da população, leitos hospitalares, estrutura para profissionais de saúde, entre outros pontos.
Por isso, afirma Croda, o lockdown seria efetivo em Manaus e Fortaleza porque estas cidades registram crescimento de casos e superlotação em leitos hospitalares.
"Eu recomendaria o lockdown para Manaus e Fortaleza porque, se você não tem capacidade de ter mais leitos, tem que aumentar as medidas de isolamento – e aumentar o que a gente já tem é lockdown", afirma o infectologista Julio Croda, em entrevista ao G1.
Nesta terça-feira (28), Manaus registrava, até as 14h21, 255 mortes causadas pelo novo coronavírus, 2.738 casos confirmados. No estado do Amazonas, 96% dos leitos de UTI ocupados, de acordo com um levantamento feito pelo G1. Os dados de Fortaleza apontam 320 mortes, 5.432 casos confirmados, e o Ceará tinha 98% dos leitos de UTI ocupados.
O G1 entrou em contato com a secretaria de saúde de Manaus e Fortaleza para saber se estão sendo estudadas medidas semelhantes, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Por Elida Oliveira, G1
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