Oito dos 19 municípios que compõem a Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF) têm taxa de letalidade da Covid-19 superior à registrada pelo
Ceará. Atualmente, segundo o IntegraSUS, plataforma digital gerenciada pela
Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o número é de 6,6.
Os municípios com taxa superior à estadual são: Trairi
(13,3%), Pindoretama (12,9%), Maranguape (11,4%), Maracanaú (11%), Pacatuba
(10%), Itaitinga (9,3), Fortaleza (7,8%) e Paraipaba (7,5%). A letalidade é
definida pela divisão entre a quantidade de óbitos provocados pela doença e os
casos confirmados.
O Ceará registrou, até às 17h07 dessa terça-feira (19),
28.112 testagens positivas para o novo coronavírus, das quais 1.856 evoluíram
para morte. O Estado já contabiliza 15.238 casos recuperados da nova infecção e
outros 41.351 estão em investigação.
Testagem
“Para falar de taxa de letalidade, precisaríamos ter clareza
no número de pessoas infectadas e, na realidade, esse número é falho porque
olhamos mais as pessoas graves. Se testa apenas pessoas muito graves, vou ter
uma letalidade muito alta porque um outro percentual fica escondido. Quando
testamos pouco, testamos mais graves ou internados. Diria que não testamos nem
5% das pessoas que adoecem nessas regiões, tenho certeza”, sugere o
infectologista Anastácio Queiroz.
Até essa terça-feira (19), o Estado do Ceará já tinha
realizado 69.521 exames divididos entre RT-PCR, teste rápido e de sorologia por
meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) e laboratórios da
rede privada.
Proximidade
A estudante Mariana Fernandes, 23, mora no distrito de Jubaia,
em Maranguape. Para ela, falta de informação e fiscalização nas medidas de
isolamento social são alguns dos agravantes na cidade em que vive. “Percebo que
as pessoas são bem teimosas aqui, estão vivendo como se nada estivesse
acontecendo. Tem gente saindo sem máscara e só não entram no supermercado assim
porque os estabelecimentos não deixam entrar sem”, observa.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Maranguape informou que “há
um elevado número de pessoas que trabalham em serviços essenciais na capital
cearense e em outras cidades, e acabam transitando entre um município e outro”.
A pasta ainda comunicou que o “uso de máscara é obrigatório e
são realizadas fiscalizações da Vigilância Sanitária, Guarda Municipal, Polícia
Militar e Secretaria do Ambiente e Controle Urbano para orientar a população”.
Subnotificação: Embora a taxa de letalidade sugira quais são os locais mais
atingidos pelo vírus, especialistas ponderam que o dado não representa
necessariamente a realidade, uma vez que a taxa pode ser menor a depender da
quantidade de testes. Países que fizeram testagem em massa têm taxas baixas,
como é o caso da Alemanha (0,8% de letalidade), e Coreia do Sul (1,5%).
Para a epidemiologista Caroline Gurgel "é tudo ainda
muito nebuloso". Segundo a virologista, "o correto seria testar em
massa a população para encontrar os doentes pois muitos são assintomáticos e
não procuram assistência. Tem muita subnotificação. Os nossos registros (de
dados) precisam avançar, precisamos de mais investimento na atenção básica da doença,
em testes, mas no Ceará estamos focados é nas UTIs”.
Para o secretário municipal da Saúde de Maracanaú, Torcápio
Vieira, a ausência de testes rápidos gera subnotificação na cidade. Cerca de
metade dos cinco mil exames adquiridos pela Prefeitura deve chegar até o fim do
mês, quando será ampliado o acesso dos pacientes à testagem. Para Maracanaú,
conforme a plataforma IntegraSus, foram disponibilizados por Ministério da
Saúde e Secretaria da Saúde 4.620 testes rápidos. Na cidade, até essa
terça-feira (19), 1.409 testes foram realizados.
O G1 entrou em contato com o Conselho das Secretarias
Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e
a Secretaria da Saúde do Trairi, mas ainda não obteve resposta.
Por G1 CE
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