quarta-feira, 20 de maio de 2020

8 municípios da Região Metropolitana de Fortaleza têm letalidades por Covid-19 superiores à média do Ceará

Oito dos 19 municípios que compõem a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) têm taxa de letalidade da Covid-19 superior à registrada pelo Ceará. Atualmente, segundo o IntegraSUS, plataforma digital gerenciada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o número é de 6,6.

Os municípios com taxa superior à estadual são: Trairi (13,3%), Pindoretama (12,9%), Maranguape (11,4%), Maracanaú (11%), Pacatuba (10%), Itaitinga (9,3), Fortaleza (7,8%) e Paraipaba (7,5%). A letalidade é definida pela divisão entre a quantidade de óbitos provocados pela doença e os casos confirmados.

O Ceará registrou, até às 17h07 dessa terça-feira (19), 28.112 testagens positivas para o novo coronavírus, das quais 1.856 evoluíram para morte. O Estado já contabiliza 15.238 casos recuperados da nova infecção e outros 41.351 estão em investigação.

Testagem
“Para falar de taxa de letalidade, precisaríamos ter clareza no número de pessoas infectadas e, na realidade, esse número é falho porque olhamos mais as pessoas graves. Se testa apenas pessoas muito graves, vou ter uma letalidade muito alta porque um outro percentual fica escondido. Quando testamos pouco, testamos mais graves ou internados. Diria que não testamos nem 5% das pessoas que adoecem nessas regiões, tenho certeza”, sugere o infectologista Anastácio Queiroz.

Até essa terça-feira (19), o Estado do Ceará já tinha realizado 69.521 exames divididos entre RT-PCR, teste rápido e de sorologia por meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) e laboratórios da rede privada.

Proximidade
A estudante Mariana Fernandes, 23, mora no distrito de Jubaia, em Maranguape. Para ela, falta de informação e fiscalização nas medidas de isolamento social são alguns dos agravantes na cidade em que vive. “Percebo que as pessoas são bem teimosas aqui, estão vivendo como se nada estivesse acontecendo. Tem gente saindo sem máscara e só não entram no supermercado assim porque os estabelecimentos não deixam entrar sem”, observa.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Maranguape informou que “há um elevado número de pessoas que trabalham em serviços essenciais na capital cearense e em outras cidades, e acabam transitando entre um município e outro”.

A pasta ainda comunicou que o “uso de máscara é obrigatório e são realizadas fiscalizações da Vigilância Sanitária, Guarda Municipal, Polícia Militar e Secretaria do Ambiente e Controle Urbano para orientar a população”.


Subnotificação: Embora a taxa de letalidade sugira quais são os locais mais atingidos pelo vírus, especialistas ponderam que o dado não representa necessariamente a realidade, uma vez que a taxa pode ser menor a depender da quantidade de testes. Países que fizeram testagem em massa têm taxas baixas, como é o caso da Alemanha (0,8% de letalidade), e Coreia do Sul (1,5%).

Para a epidemiologista Caroline Gurgel "é tudo ainda muito nebuloso". Segundo a virologista, "o correto seria testar em massa a população para encontrar os doentes pois muitos são assintomáticos e não procuram assistência. Tem muita subnotificação. Os nossos registros (de dados) precisam avançar, precisamos de mais investimento na atenção básica da doença, em testes, mas no Ceará estamos focados é nas UTIs”.

Para o secretário municipal da Saúde de Maracanaú, Torcápio Vieira, a ausência de testes rápidos gera subnotificação na cidade. Cerca de metade dos cinco mil exames adquiridos pela Prefeitura deve chegar até o fim do mês, quando será ampliado o acesso dos pacientes à testagem. Para Maracanaú, conforme a plataforma IntegraSus, foram disponibilizados por Ministério da Saúde e Secretaria da Saúde 4.620 testes rápidos. Na cidade, até essa terça-feira (19), 1.409 testes foram realizados.

O G1 entrou em contato com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e a Secretaria da Saúde do Trairi, mas ainda não obteve resposta.

Por G1 CE

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