Com o reservatório de Jati, na Região do Cariri, já pronto
para receber as águas do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf), o
ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, anunciou, em entrevista
no Palácio do Planalto, que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) deve vir
ao Ceará em junho, quando os recursos hídricos do Velho Chico podem chegar ao
Estado. A pandemia não deve afetar a nova data de previsão para a chegada da
água.
"Estamos realmente numa expectativa muito grande que
agora em junho estão chegando as águas do São Francisco lá no Ceará e nós vamos
resolver um problema de quase 500 anos. Por exemplo, a segurança hídrica de
Fortaleza, que nunca mais vai sofrer de falta de água. O presidente
provavelmente vai visitar o Ceará e todo o Projeto do São Francisco no meio de
junho, e essa é uma obra que vai ficar na memória de todos os
nordestinos", afirmou Marinho.
A chegada das águas ao Ceará estava prevista para março, mas problemas
técnicos na barragem de Negreiros, localizada em Salgueiro (PE), atrasaram,
outra vez, o envio da água para o reservatório de Milagres (PE) - última
barragem a receber as águas da transposição antes do Ceará - para Jati, no
Cariri.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR),
no entanto, os últimos serviços para garantir a funcionalidade do
empreendimento até o reservatório de Jati serão concluídos até o final de maio,
permitindo que as águas da Transposição cheguem em meados de junho ao Ceará,
como anunciou o ministro. Depois disso, o reservatório irá encher e, conforme a
Pasta, em agosto a água poderá ser entregue ao Cinturão das Águas (CAC),
empreendimento responsável por levar os recursos hídricos de Jati ao Castanhão
e que possibilitará o abastecimento de 4,5 milhões de pessoas.
As águas da Transposição vêm para o Ceará por meio do Eixo
Norte do Pisf, responsável também por levar os recursos a Pernambuco, Paraíba e
Rio Grande do Norte. Os trabalhos no Eixo Norte estão em fase final, hoje com
97,44% de execução física.
Cinturão das Águas
Já sobre o Cinturão dos Águas, o superintendente e Obras
Hidráulicas do Ceará (Sohidra), Yuri Castro, responsável pela condução das
obras do CAC, garante que o empreendimento já está pronto para receber os
recursos hídricos da Transposição, com mais de 95% da construção do trecho
emergencial concluídos.
O trecho, de 53 km de extensão, irá transportar por gravidade
o recurso hídrico até Missão Velha, onde será direcionado para o Riacho Seco, seguindo
pelo Rio Batateira e Rio Salgado, principal aquífero do Açude Castanhão e
afluente do Rio Jaguaribe.
De acordo com ele, os cerca de 5% restantes para a conclusão
do trecho emergencial não atrapalham o envio da água ao Castanhão, por
corresponderem apenas a acabamentos, e não ao canal por onde o recurso hídrico
passará.
"Esses 5% são obras complementares que continuam, como
estradas de acesso ao canal, drenagem, calha, meio-fio, que não impedem que a
água passe pelo canal, que já está pronto", explica Yuri.
Ao todo, o Cinturão das Águas deverá ter 145 km de extensão.
Como 53 km já do trecho emergencial já estão prontos, que correspondem aos
lotes 1 e 2, ficam faltando entregar 92 km de canal dos lotes restantes. Os
últimos lotes serão responsáveis por aduzir as águas de Jati a Nova Olinda, no
Rio Cariús, afluente do Açude Orós, que também abastece o Castanhão.
Sobre essa obra do outro eixo do CAC, Yuri diz que, dos 145
km, 70% já estão prontos, e que o restante do trecho deve levar 18 meses para
ser concluído. No entanto, ele salienta que os prazos podem ser alterados, já
que, no momento, as obras nos lotes 3 e 4 se encontram-se paralisadas por conta
da pandemia. A perspectiva, segundo ele, é que elas sejam retomadas em meados
de junho.
Incerteza sobre recursos
Com a crise econômica e sanitária instalada por conta do
avanço da Covid-19 no País, o titular da Sohidra, Yuri Castro, afirma que as
obras do outro trecho do Cinturão das Águas (CAC), que levará as águas de Jati
a Nova Olinda, podem sofrer atrasos por conta da pandemia.
"Nós tivemos muita interrupção de recursos financeiros
na execução do Cinturão das Águas, o que ocasionou diversos atrasos. Os
recursos são 81% do Governo Federal e 19% do Estado. Não dá para garantir que
teremos dinheiro para continuar conforme o calendário", afirma.
Apesar do cenário de incerteza, ele salienta que mais R$ 41
milhões foram enviados no início desse mês pelo Governo Federal para dar
continuidade às obras em andamento.
Fonte: Diário do Nordeste
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