O retorno do futebol brasileiro em 2020 é incerto, não há uma data específica. Mas as reuniões da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com os clubes trouxeram consenso sobre a necessidade de testes em massa para a Covid-19 aos participantes de qualquer evento, incluindo os treinos.
O panorama requer investimento e difere em cada região do País. No Estado do Ceará, o movimento partiu dos representantes da Série A do Campeonato Brasileiro, Ceará e Fortaleza, e foi acompanhado pela Federação Cearense de Futebol (FCF).
O movimento acompanha a expectativa sobre o plano de retomada da economia local, elaborado pelo Governo com o setor produtivo. Apesar das ressalvas quanto à execução, o projeto prevê treinos liberados aos clubes na reabertura dos setores. Assim, a FCF resolveu se preparar no aguardo de uma autorização para a volta das atividades dos participantes do Estadual. A entidade investirá R$ 180 mil em insumos de prevenção para a Covid-19.
O valor contempla exames diagnósticos, material de higienização e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além da contratação de uma empresa de limpeza. O auxílio emergencial da CBF entregue às federações em abril, R$ 120 mil, será utilizado exclusivamente na ação.
O detalhe é o auxílio a quatro clubes: Atlético/CE, Barbalha, Caucaia e Pacajus. Apesar do primeiro ser o único com chance de avançar ao mata-mata, todos têm mais duas partidas até o fim da 2ª fase do certame.
"Isso não é obrigação da FCF, mas um gesto de apoio e sensibilidade para amenizar o déficit e prejuízo que esses clubes tiveram com essa suspensão (do Campeonato Cearense)", disse Mauro Carmélio, presidente da organização.
Uma parte do material foi recebido: 350 testes e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O alvo da testagem são os elencos das equipes, 18 funcionários da Federação e 93 árbitros.
Movimentação individual
Os quatro times atualmente no G-4 do Estadual - Ceará, Ferroviário, Fortaleza e Guarany de Sobral - estão fora da iniciativa da FCF. O motivo é a vaga em divisões do Campeonato Brasileiro, com garantia de mais exibições no decorrer do calendário.
Assim, cabe a cada diretoria buscar os próprios testes para a Covid-19. Primeiro clube do Brasil a concluir um protocolo de segurança para treinos, o Vovô desembolsou um terço do que foi gasto pela FCF na compra dos insumos.
Nesse primeiro momento, R$ 60 mil entre testes, insumos, EPIs e consultoria de higienização, aquisição de equipamentos e instalações. Noutra etapa, teremos mais gastos, explicou Robinson de Castro, presidente alvinegro.
Ao todo, foram 200 kits para testagem de jogadores e funcionários. Outro que realizou compra foi o Leão - o investimento e a quantia de material não foi divulgada.
Parte dos itens chegou. Compramos testes, máscaras, oxímetro, termômetro, macacão, EPIs e tivemos investimento em higienização. Fizemos melhorias no CT Ribamar Bezerra, já que tem mais campos. Quando os treinos retornarem, vamos usar o espaço, com apartamentos individuais para os jogadores, e alimentação individual. Testar todos, até eu, afirmou o presidente tricolor, Marcelo Paz.
Um protocolo com as ações para resguardar a integridade de elenco, comissão técnica e demais funcionários em eventual retorno das atividades nos centros de treinamento foi encaminhado ao Governo do Estado. O informe funciona como registro da preocupação da cúpula leonina com a segurança de todos os seus colaboradores.
No aguardo
Atual líder do Campeonato Cearense e único classificado às semifinais, o Ferroviário aguarda a divulgação de um protocolo médico por parte da FCF para se posicionar. O presidente coral, Newton Filho, ressaltou que o Tubarão da Barra atravessa momento financeiro conturbado e que não tem receita para custear testes de Covid-19.
"Vamos fazer um esforço, mas para essa adaptação, o custeio geral deveria ser da FCF e CBF porque é em nível de saúde. Para clubes em situação difícil, com problema na manutenção de salário, isso mexe com qualquer planejamento financeiro. Temos uma série de prejuízos e ainda ter que custear esse novo padrão... Não vai ser barato e os clubes já estão endividados".
No início de abril, a equipe recebeu R$ 200 mil como auxílio da CBF por participar da Série C. O dirigente reforça que o montante foi destinado para folha salarial do elenco e que, além dos testes, a retomada dos jogos implica em outras despesas. ''A arbitragem continua sendo paga pelos clubes, quadro móvel, manutenção da praça esportiva após os jogos. Tudo isso sem bilheteria, bar e lojas", finalizou Newton.
Procurado pela reportagem, o Guarany de Sobral também acredita que deveria receber exames por parte da FCF. Em 4º na competição e campeão da fase inicial do Campeonato Cearense, o Bugre trabalha em um protocolo específico de segurança e projeta retomada das partidas em setembro.
O Guarany não é um clube rico, está crescendo e estabelecendo um capital maior agora, precisa de ajuda. Tudo que vier ajuda porque os times do interior têm mais dificuldade que os da Capital. Se precisarmos mesmo, vamos tentar os testes, mas vai aumentar muito nosso endividamento, afirmou Thiago Dias, diretor administrativo da equipe.
Para evitar o déficit financeiro, o Guarasol optou por rescindir o contrato do elenco principal. Caso haja possibilidade de volta do futebol, os atletas serão reinseridos na equipe.
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