segunda-feira, 25 de maio de 2020

Região Nordeste caminha para superar Sudeste no total de casos de Covid-19



O Nordeste está prestes a superar o Sudeste em número de casos confirmados de Covid-19 no Brasil, indicando um novo e gigantesco desafio para as autoridades do País, já que a região possui uma estrutura de Saúde pública mais precária, e as taxas de isolamento social não atingiram níveis ideais. São cerca de 120 mil contágios registrados pelos nove estados nordestinos, ante mais de 131 mil pelo Sudeste, uma diferença de apenas 11,5 mil casos.

O avanço da participação do Nordeste no saldo nacional de contaminações se deu no último mês com o aumento dos testes de diagnósticos e com a proliferação do vírus nas capitais da região.

Para especialistas ouvidos pela reportagem, há vários fatores socioeconômicos que explicam esse deslocamento da Covid-19 da região mais rica para as mais pobres, como o Norte e o Nordeste.

Estados com maior conexão aérea, como Rio e São Paulo, foram os primeiros a terem confirmações de pacientes com a Covid-19. Houve ainda demora na determinação de fechamento de fronteiras.

Problemas sociais historicamente enfrentados pelo Nordeste, como a exclusão social e o abismo de renda entre as classes sociais, agravam a crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus.

"O principal fator é a pobreza. É a falta de condições de moradia, de higiene, de tudo", explica a epidemiologista e professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lígia Kerr.

A escassez de água potável ou mesmo as irregularidades na forma de obtenção do líquido também dificultam o cumprimento de recomendações importantes no combate à infecção mortal, além da falta de informações completas sobre a prevenção à Covid-19.

"São 30% de pessoas que estão sem segurança alimentar, ou seja, não sabe se vai ter comida para comer na próxima refeição. Milhões de brasileiros e de nordestinos caíram abaixo da linha da pobreza. Essa é uma importante explicação para isso", cita.

E este é um problema tanto de municípios do Interior do Nordeste como das áreas mais vulneráveis das grandes cidades. "Essas populações mais vulneráveis têm uma menor rede de apoio, tanto de assistência nos serviços de saúde como também o que a gente chama de colchão social", concorda Magda Almeida, também professora do Departamento de Saúde Comunitária da UFC, além de secretária executiva de Vigilância e Regulação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

"Porque é muito fácil falar em números, mas a gente está falando de pessoas. São vidas de famílias, que acabam tendo o seu dia a dia comprometido por conta da doença", lamenta Almeida.


Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário