As cinco cidades cearenses que iniciaram nesta segunda-feira (29) o lockdown -- Barbalha, Brejo Santo, Crato, Iguatu e Tianguá -- tiveram intenso fluxo de veículos e pessoas nas ruas no primeiro dia de isolamento social mais rígido. O decreto do Governo do Estado para tornar mais rígido o distanciamento foi determinado após forte aumento de novos casos de Covid-19 nesses municípios.
Gestores de saúde apontam a falta de colaboração de moradores para o cumprimento das medidas inerentes ao lockdown nesses municípios. “As praças foram interditadas e esperamos e conscientizar a população, mão não é fácil, os moradores não ajudam”, observou a coordenadora de Vigilância Sanitária da cidade de Crato, Ana Lígia Aquino. “Dedicamos o primeiro dia à fiscalização e sensibilização das pessoas”, completa.
Sobral, na zona Norte, já estava em regime de isolamento social mais rígido há 14 dias, e Juazeiro do Norte, no Cariri, há sete dias. Ambas tiveram o prazo prorrogado. Além disso, o aumento do número de casos nas macrorregiões do Cariri (Centro-Sul e Sul do Estado) e na Serra da Ibiapaba, bem como a taxa de ocupação de leitos de UTI e de enfermarias em torno de 80%, fizeram com que o governo do Estado adotasse o lockdown em cidades circunvizinhas.
Imagens por moradores e divulgados em redes sociais mostram intensa movimentação em ruas do Centro comercial nas cidades que entraram em lockdown: Barbalha, Brejo Santo, Crato, Iguatu e Tianguá. Barreiras fixas, com grades de ferro, foram instaladas para evitar fluxo de veículos, mas a medida não freou o fluxo de pessoas.
O presidente da Associação dos Municípios do Ceará (Aprece), Nilson Diniz, defendeu a medida do governo do Estado e cobra conscientização da população. “Foi uma decisão correta. Os casos vêm crescendo nas últimas semanas, mas a população tem que cooperar".
Serra da Ibiapaba
Na cidade de Tianguá, foram observadas filas no entorno de bancos e na farmácia municipal para entrega de medicamentos à população. “Hoje é dia de pagamento de aposentadorias, benefícios da Bolsa Família e isso faz com que muitas pessoas viessem à rua”, observou o locutor Mateus Urias. “Hoje está um dia comum, igual aos outros”.
O aposentado Francisco Morais lamentou a aglomeração e se mostrou preocupado com os casos em alta. “Infelizmente, os moradores afastam ou derrubam as grades e passam de motos e carros, isso é um risco para todos nós”.
Para o autônomo Jean Silva, “não existe lockdown e nem isolamento social na cidade". Segundo ele, "é só dar uma volta e ver a situação de pedestres e das lojas, todas cheias”.
O Sistema Verdes Mares tentou contato com os secretários de Saúde e de Indústria e Comércio de Tianguá, mas as ligações não foram atendidas.
Fluxo
Na região do Cariri, o quadro não é diferente das demais cidades. Juazeiro do Norte também voltou a registrar movimentação nos bancos, casas lotéricas e entorno dos mercados.
No entanto, a Prefeitura de Juazeiro do Norte diz ter observado a redução no número de veículos em torno de 40% e do fluxo de pessoas nas ruas do centro comercial.
O horário de funcionamento dos mercados públicos foi reduzido das 6 horas às 13 horas. Há fiscais no interior das unidades de abastecimento, obrigatoriedade de uso de máscaras e medição de temperatura de consumidores e vendedores.
O mesmo ocorre na cidade de Brejo Santo que também está no decreto do governo do Estado em adoção de medidas de isolamento mais rígidas. “O povo está nas ruas como se fosse um dia normal e a segunda-feira geralmente é dia de maior movimentação nos bancos e na cidade com a vinda de moradores da zona rural”, observou o comerciário Carlos Roberto Marques.
Em Barbalha, os moradores também saíram às ruas para fazer compras e resolver negócios nas agências bancárias. “O movimento é um pouco menor, mas acho que deveria ter menos agente nos bancos e mercantis”, disse a balconista, Fabrícia Sampaio.
Por Honório Barbosa, G1 CE
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