quarta-feira, 1 de julho de 2020

Doações de plasma sanguíneo para tratamento contra a Covid-19 no Ceará ainda são baixas, diz Hemoce



No mês de junho, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) recebeu 59 doações do chamado plasma convalescente, a parte líquida do sangue, de pacientes infectados e recuperados por Covid-19. O material biológico já foi aplicado no tratamento de pacientes em hospitais de Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte, mas o hemocentro esperava um número maior de doadores.

“Até o momento, as doações estão conseguindo suprir as necessidades dos pacientes, mas, dependendo do grupo ABO, temos dificuldade em manter um estoque seguro. Principalmente do tipo A, do qual temos o maior número de solicitações, e do AB, pela quantidade reduzida desse grupo na população”, explica a médica Denise Brunetta, diretora de hemoterapia do Hemoce.

Os números não refletem o número de pessoas curadas da doença. Até esta segunda-feira (29), somente Fortaleza já tinha mais de 26 mil pacientes recuperados, de acordo com a plataforma IntegraSUS. A ampliação da iniciativa também depende da compatibilidade entre doador e receptor.

A aplicação de plasma de pessoas infectadas e recuperadas da doença no Ceará é individualizada e depende da solicitação do médico diretamente responsável pelo tratamento do paciente.

A principal hipótese dos cientistas é que pessoas curadas da Covid-19 desenvolvem anticorpos no plasma que podem ser úteis à recuperação mais rápida de outras, sobretudo com formas de moderada a grave. Porém, não é unanimidade.

“São evidências ainda pequenas porque é uma doença nova com a qual a gente ainda está aprendendo a lidar. Temos trabalhos na literatura científica que mostram benefícios, mas há outros que ficam na dúvida se esse benefício é real”, afirma Denise Brunetta.

Somente homens
Envolvida no processo, está uma reação chamada lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão, uma das principais causas de mortes relacionadas a transfusões que está associado a anticorpos presentes em mulheres. “Por isso, essa doação é muito mais segura em doadores do sexo masculino”, explica a médica.

A primeira etapa do processo é uma triagem clínica do potencial doador, quando há a coleta de uma amostra de sangue para avaliação da quantidade de anticorpos contra a Covid-19. Após dois dias, o candidato retorna para consulta. Caso não esteja apto para doar o plasma, é convidado para doação de sangue convencional. Sendo liberado, pode gerar até três bolsas de plasma convalescente.

Outros critérios definidos pelo Hemoce são: ter entre 18 e 60 anos de idade, pesar acima de 50kg, ter diagnóstico de Covid-19 confirmado previamente por PCR (biologia molecular), sorologia ou teste rápido, e estar sem sintomas da doença há mais de 30 dias.

A diretora de hemoterapia reitera que a doação de plasma segue uma doação de sangue convencional, “tranquila, segura, feita com equipamentos de uso individual esterilizado e sem risco de contaminação”.

Covid-19 no Ceará
O Ceará ultrapassou os 110 mil casos confirmados da Covid-19, conforme dados da plataforma IntegraSUS atualizados às 15h02 desta terça-feira (30). Com 110.483 diagnosticados positivos no estado, o número de mortes pela doença é 6.146. Nesta segunda (29), o Ceará ultrapassou os 6 mil óbitos por complicações do novo coronavírus.

Na última quinta-feira (25), o Ceará ultrapassou os 100 mil casos, com registros confirmados em todos os 184 municípios. Houve o primeiro diagnóstico confirmado de um residente da cidade de Granjeiro, no sul do Estado, única que ainda não havia registrado infectados. Fortaleza lidera os índices da doença e tem 35.313 diagnósticos positivos e 3.288 óbitos pela doença.

Os números apresentados pela Secretaria da Saúde são atualizados permanentemente e fazem referência à disponibilidade dos resultados dos testes para detectar a presença dos vírus, ou seja, não necessariamente correspondem à data da morte ou do início da apresentação dos sintomas pelo paciente.

Veja outras informações da plataforma:
A taxa de ocupação das UTIs cearenses é de 70,08%;
A taxa de ocupação das enfermarias cearenses é de 44,79%;
A taxa de letalidade da Covid-19 no Ceará é de 5,6%.


Por Nícolas Paulino, G1 CE

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