O Ceará começou a testar nesta quarta-feira (2) um novo medicamento para o tratamento de Covid-19. O remdesivir, antiviral desenvolvido ainda em 2017, foi administrado pela primeira vez em um paciente com diagnóstico da doença pandêmica no Hospital São José (HSJ), em Fortaleza. A ação faz parte do ensaio clínico "Solidarity" (Solidariedade, na tradução em português), da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O paciente cearense está internado em uma semi-UTI e deverá receber a dosagem de remdesivir por 10 dias, segundo a infectologista do HSJ, Melissa Medeiros. A médica explica, no entanto, que há critérios para a implementação do protocolo.
"Toda vez que chega um paciente que se adequa ao perfil, por exemplo, se tem Covid com PCR positivo, que não esteja entubado, paciente que ainda tem uma chance de a gente realmente fazer uma medicação eficaz", indica.
Pesquisa
O estudo da OMS investiga a eficácia de quatro tratamentos em 18 hospitais de 12 estados do Brasil apenas em pacientes hospitalizados. Além do remdesivir, foram testados em um primeiro momento, a cloroquina - cujo fármaco já foi descartado por não ter comprovação científica -, a combinação liponavir e ritonavir, isolado ou combinado ao Interferon Beta 1a, informa a Fiocruz, que coordena o estudo no Brasil.
"O paciente é randomizado. É como se fosse um sorteio aleatório. Joga o nome dele numa planilha. A planilha vai escolher aleatoriamente a medicação que ele vai fazer, porque a gente precisa verificar qual é a medicação eficaz ou não", explica a infectologista.
O remdesivir foi criado como uma opção de tratamento para a infecção pelo vírus Ebola, há 13 anos. A Agência de Administração de Alimentos e Drogas (FDA, na sigla em inglês), aprovou em maio deste ano o uso do fármaco para o tratamento da doença causada pelo SARS-CoV-2.
Distribuição
A medicação é enviada ao Ceará pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. Dessa forma, o antiviral não está disponível em farmácias ou drogarias. O envio acontece apenas para os hospitais que estão participando do ensaio clínico; no Ceará, o São José é o único da rede envolvido na pesquisa.
"A gente tem essa perspectiva muito boa de que talvez tenha uma melhora porque é o único antiviral de verdade, que estava sendo testado para outros vírus. Foi aprovado através de vários trabalhos que foram feitos nos Estados Unidos e o FDA, que é o maior órgão regulador americano, já aprovou como a medicação que é eficaz para a Covid-19".
Fonte: Diário do Nordeste
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