A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) registrou, de janeiro a agosto deste ano, 465 crimes contra idosos. Em igual período de 2019 foram 647 ocorrências. Apesar da redução de 28,1% nos casos, instituições de proteção ressaltam nesta quinta-feira (1º), Dia Mundial do Idoso, que é preciso continuar em alerta para evitar maus-tratos à população acima de 60 anos.
Conforme o balanço da Pasta, dos primeiros meses de 2020, apenas julho apresentou alta. Foram 88 contra 67 do ano passado - um aumento de 31,3%. Os demais fecharam o intervalo com queda, a exemplo de janeiro e maio, contabilizaram reduções de 50% e 49,3%.
Denúncias ao MPCE
Ainda até agosto, o Ministério Público do Ceará (MPCE) anotou 530 denúncias de casos, isso é, um decréscimo de 0,74%, já que foram apenas quatro ocorrências a menos que em 2019, com 534. O MP recebe denúncias no Núcleo de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiência.
Contudo, o promotor de Justiça Enéas Romero avalia que a variação não pode ser tratada como uma tendência por "um número tão baixo". Ele aconselha que a qualquer sinal de violência, o agressor seja denunciado.
"Os crimes ocorrem dentro de casa por pessoas próximas, parentes, eventualmente, um vizinho. É obrigação de todos nós se meter, sim, e impedir que esses crimes continuem acontecendo".
Dados da delegacia
Já a Delegacia de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência (DPIPD) contabilizou uma baixa de 41,4% nos números, considerando o intervalo de janeiro a maio deste ano. A especializada acumulou 247 crimes nos primeiros cinco meses deste ano, contra 422 no mesmo período de 2019. Já os inquéritos para apurar crimes contra idosos caíram de 94 para 77.
Vítimas
A ferramenta Disque 100 aponta que, em todo o ano de 2019, recebeu 1.572 denúncias de casos de negligência contra idosos, uma alta de 27,6% se comparado a 2018, com 1.232 informes. Em relação a violência física, os números passaram de 420 para 444.
O geriatra e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (Famec-UFC), João Macedo, cita que os idosos com alguma dependência funcional ou incapacitados, além dos vulneráveis economicamente, são as maiores vítimas dos maus-tratos.
“Muitas vezes, o mau trato se deve ao pouco treinamento ou educação das pessoas sobre o que é envelhecer”, observa o médico. “Cuidar de um paciente com demência, por exemplo, é uma tarefa extremamente árdua, desgastante do ponto de vista físico, emocional e econômico. Esses cuidados custam caro se você não recebe apoio do sistema social ou do sistema de saúde. Isso pode levar o cuidador a situações extremas de estresse e ao maior risco de cometer maus-tratos”.
Denúncia
De acordo com a Polícia Civil do Ceará, a denúncia é o melhor caminho para combater maus-tratos a essa população. O denunciante pode formalizar queixa por abuso psicológico, financeiro, físico ou sexual, além de negligência.
Ao longo da denúncia, ele deve informar quem sofre a violência (vítima); o tipo de violência; quem pratica a violência (suspeito); e como localizar a vítima e/ou suspeito (endereço, ponto de referência). Caso seja possível, a Polícia pede que seja informada, ainda, a frequência com que os abusos são cometidos, como a violência é praticada e qual a atual situação da vítima.
Por Felipe Mesquita, G1 CE
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