A pandemia da Covid-19 potencializou os problemas de falta de recursos financeiros e abandono de animais em Fortaleza, conforme registram instituições e abrigos de proteção animal. Segundo as ONGs Lar Tintin e Abrigo São Francisco, o número de adoções diminuiu em relação ao mesmo período do ano passado.
“A procura por adoção foi pouca e a maioria não foi aprovada, porque muita gente queria animal só para distrair as crianças. Nós tivemos só 3 registros e foram ótimas adoções porque somos muito rígidos nessa parte”, relata Viviane Lima, presidente do Lar Tintin.
De março a setembro do ano passado, a ONG contabilizou 10 adoções. As dificuldades financeiras se intensificaram desde o início da pandemia, visto que o número de doações de voluntários também diminuiu.
“Alguns doadores que sempre ajudaram e tiveram suas rendas comprometidas na pandemia pararam de ajudar e alguns ainda não voltaram, não conseguiram se estabilizar por completo”, reforça Beatryz Ketlyn, estudante de direito e voluntária do Abrigo São Francisco.
Abandono
A causa do aumento dos abandonos durante a pandemia, para as integrantes das ONGs, não foge do que normalmente já acontecia. “O motivo é o mesmo de sempre, pessoas que não pensam na carga de responsabilidades que o animal traz consigo. Querem um bicho de pelúcia, pequeno, bonitinho, que não faz cocô, não dá trabalho, não precisa de cuidados ou assistência veterinária e querem um padrão que não temos”, declara Beatryz.
A redução do poder aquisitivo de uma parcela da população agravou ainda mais a situação. “Eu acredito que foi mesmo o desespero das pessoas porque muita gente ficou sem trabalho, muita gente passou grandes dificuldades, e sempre o primeiro a perder são os animais. Eles são muito vistos como supérfluos, descartáveis. Sempre que a coisa aperta, ou que vai se mudar, nunca cabe o animal”, analisa Viviane.
Adoção
Mesmo com números reduzidos, as adoções marcam grandes encontros. A família do estudante de engenharia de computação, Hugo Brasileiro, resolveu adotar uma companhia para o cachorro da casa. “Pupi é um pinscher que adotamos. Ele era de outra família, mas por ser comprado como 'pinscher mini' e depois descoberto como pinscher alemão, a família anterior acabou não se adaptando ao cachorro, que cresceu muito”, conta.
No início, a chegada de Pupi, o pinsher, causou certo estranhamento, mas com paciência, em poucos dias todos já estavam adaptados. "As pessoas devem pensar direitinho se realmente querem um pet ou se só estão adotando por impulso ou por achar bonitinho”, pondera Hugo.
Por G1 CE
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