segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Acusado de matar esposa e filha: Juíza recusa suspender julgamento; família pede justiça



A Justiça negou, nesta segunda-feira (30), o pedido de suspensão do julgamento feito pelos advogados de defesa do Marcelo Barberena. O empresário é acusado de assassinar Adriana Moura Pessoa de Carvalho Moraes, 38 anos, e a bebê de 8 meses, Jade Pessoa de Carvalho Moraes. O crime ocorreu no dia 23 de agosto de 2015.

A juíza Bruna dos Santos Costa Rodrigues também não acatou o pedido de publicidade (transmissão no YouTube ao vivo do julgamento) e recusou a suspeição dela própria. A magistrada disse que a defesa quer impedir a realização do julgamento hoje e afirmou que não tem de determinar o "desaforamento do julgamento".

O empresário Marcelo Barberena foi a júri popular nesta segunda-feira (30), em Paracuru. O julgamento acontece na câmara da cidade onde aconteceu o duplo assassinato da esposa e filha do acusado.

Adriana Moura Pessoa de Carvalho Moraes e Jade Pessoa de Carvalho Moraes foram encontradas mortas na manhã do dia 23 de agosto de 2015. O empresário foi preso poucas horas após os homicídios e em um dos primeiros depoimentos prestados à polícia chegou a confessar ser autor do crime. Quase um ano depois, Barberena apresentou uma nova versão dizendo já ter se deparado com as vítimas mortas. Ele diz ter sido pressionado por policiais a confessar a ação.

Nestor Santiago, advogado criminalista e representante de Marcelo Barberena, espera um julgamento difícil e complicado. No entanto, disse que Marcelo é inocente. “Nossa intenção é que tudo seja esclarecido. O júri é um instrumento democrático, com pessoas leigas que vão julgar de acordo com a razão e não com a emoção. O Marcelo não só se considera como é inocente”.

Já Leandro Vasques, assistente da acusação, reforçou que as provas contra Barberena são fartas. Uma delas a da casa que não sofreu arrombamento e da possível arma utilizada pelo empresário no dia do crime.

“As provas dos autos são fartas. Dentre elas, a própria casa que não sofreu nenhum arrombamento. Por tanto, não adianta o acusado sustentar que não foi ele porque não teria outra pessoa que não tivesse motivo para praticar o que ele praticou. A arma do crime era dele. A arma do crime foi encontrada, o DNA dele acusado. Nas vestes foram localizados pólvora residuográficos que constatam que ele sim fez o uso da arma naquela madrugada”, descreveu Vasques.


Familiares pedem Justiça

Cinco anos após a morte, familiares das vítimas ainda buscam Justiça para os assassinatos.

Paulo Pessoa de Carvalho, o pai de Adriana, afirmou na manhã desta segunda que até o dia do julgamento a expectativa era de sofrimento e ansiedade. Porém, hoje [segunda-feira] está confiante.

“A expectativa é de ansiedade, mas no dia de hoje, estou confiante. Temos um bom advogado e o Ministério Público está totalmente empenhado. A decisão não vai trazer nem minha filha nem minha neta de volta, mas pelo menos um alento de que vamos assistir a Justiça funcionar objetivamente”.

A tia de Adriana, Clara Lúcia Moura, disse que a partir desta semana, a família espera sair vitoriosa do julgamento. "Deus quiser a partir desta semana, seremos vitoriosos. Nós vamos sempre procurar sair deste drama. Que fica atingindo nossas vidas", afirmou.


O caso

  • 23 de agosto de 2015: Adriana Moura Pessoa de Carvalho Moraes e Jade Pessoa de Carvalho Moraes são encontradas mortas / Marcelo Barberena é preso no mesmo dia como principal suspeito do crime;
  • 1 de setembro de 2015: Polícia Civil conclui inquérito e aponta que a criança foi morta pelo pai com intuito de ele fazer parecer que a casa tinha sido invadida por assaltantes;
  • 8 de setembro de 2015: Ministério Público do Ceará denuncia Marcelo Barberena por duplo homicídio triplamente qualificado;
  • 15 de setembro de 2015: Justiça acolhe a denúncia e o empresário se torna réu
  • 3 de agosto de 2016: Réu depõe na Justiça e diz ter sido coagido pelos policiais a assumir os homicídios;
  • 20 de outubro de 2016: Juízo da Vara Única de Paracuru pronuncia o réu determinando que ele vá a júri popular;
  • 1 de agosto de 2017: TJCE mantém decisão de levar Marcelo Barberena a júri;
  • 6 de agosto de 2019: Superior Tribunal de Justiça (STJ) concede habeas corpus para o empresário;
  • 9 de agosto de 2019: O réu sai da Unidade Prisional Irmã Imelda, em Aquiraz, na Grande Fortaleza;
  • 26 de outubro de 2020: Marcada a data para o julgamento
  • Júri
Segundo o Tribunal de Justiça do Ceará, há previsão de serem ouvidas 26 pessoas da defesa e acusação, sendo três delas ouvidas por meio de videoconferência. Na sequência, o réu deve ser interrogado e, posteriormente à oitiva haverá os debates e a votação dos jurados. Não há horário estipulado para o fim da sessão, podendo ela se prorrogar ao dia seguinte.

A titular da Vara Única da Comarca de Paracuru e presidente do júri, juíza Bruna dos Santos Costa Rodrigues, destacou que serão enviados reforços para a realização do júri que, segundo ela, é de "tamanha magnitude". O conselho de sentença será formado por sete jurados sorteados e que não têm envolvimento com o caso.

"Houve uma grande mobilização para que o julgamento se tornasse possível e destaco o esforço de vários atores que contribuíram para isso, como os servidores da Comarca e outros Juízos. A Comarca de Paracuru se preparou até mesmo para a possibilidade de o júri se estender por mais de um dia com aparato da corte cearense”, disse a magistrada.


Versão
De acordo com a denúncia ofertada pelo Ministério Público do Ceará, na madrugada do dia 23 de agosto de 2015, após discussão do casal Marcelo e Adriana, o acusado efetuou disparos contra a esposa e, em seguida, atirou na filha que estava dormindo. Na casa, duas famílias, a das vítimas e a do irmão do acusado, passavam o fim de semana.

Em agosto do ano passado, o Superior Tribunal de Justiça decidiu pela soltura do empresário. Dias após ser solto de uma unidade prisional na Grande Fortaleza, Barberena concedeu entrevista ao G1 contando detalhes do momento que disse ter encontrado a esposa morta.


Por G1CE


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