terça-feira, 24 de novembro de 2020

Atendimento de pacientes com coronavírus nas UPAs da rede estadual é o maior desde agosto em Fortaleza


As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são portas de entrada na rede pública e, em Fortaleza, têm refletido a dinâmica e as demandas na pandemia de Covid-19. Desde março, mais de 12 mil atendimentos de pacientes com síndromes gripais por coronavírus foram realizados nas seis UPAs da capital geridas pelo governo do estado. Em novembro, até o dia 22, conforme dados do IntegraSus, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), foram realizados 839 atendimentos do tipo – o maior número registrado desde agosto.

Em Fortaleza há 12 UPAs, mas no IntegraSUS, há dados disponíveis apenas das unidades gerenciadas pelo governo do estado. Os equipamentos estão nos bairros: Autran Nunes, Canindezinho, Conjunto Ceará, José Walter, Messejana e Praia do Futuro. A Prefeitura é responsável por outras seis UPAs, situadas no Vila Velha, Cristo Redentor, Bom Jardim, Itaperi, Jangurussu e Edson Queiroz.

Nas seis UPAs estaduais na capital, de janeiro a 22 de novembro, foram realizados 50.364 atendimentos de pessoas com síndromes gripais, sendo 12.095 em decorrência de infecção por coronavírus. Nas demais, havia sintomas provocados por influenza, pneumonias, insuficiência respiratória ou outras causas não especificadas.

Se analisados por mês, os dados das UPAs indicam que em março, primeiro mês da pandemia no estado, foram registrados 525 atendimentos de pessoas com síndromes gripais causadas por coronavírus. Em abril, o número foi para 2.267; e em maio, atingiu o pico de 4.438. Em junho, tem início o decréscimo, chegando a 1.081; em julho, 1.057; em agosto, 589; e em setembro, 484.

Já em outubro o números começam a subir: com 815 atendimentos do tipo e 839 em novembro, até dia 22. Neste mês também o número de exames realizados voltou a crescer, totalizando 504 – segundo maior quantitativo da pandemia. O mês líder em testes foi maio, com 590.

No IntegraSUS, as informações sobre os atendimentos nas UPAs relacionados às síndromes gripais são apresentadas com a Classificação Internacional de Doenças (CID), categorização criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O G1 entrou em contato com a Sesa, na segunda-feira (23), para abordar o assunto, mas até a publicação desta matéria, a pasta não respondeu.


Termômetro

Para o médico infectologista Robério Leite, o fluxo evidencia a velocidade de propagação da Covid-19 em Fortaleza, e funciona como um termômetro da pandemia. “É importante porque explicam um pouco do que está acontecendo na vida real, na base do atendimento, porque é quase medicina primária. Então, é um espelho do que pode estar acontecendo do ponto de vista de diluição de infecções, no caso respiratórias, na nossa cidade e no estado”, ressalta.

Os indicadores, conforme avalia o especialista, se tornam mais precisos com a identificação do vírus, seja causador da Covid-19 ou de outras enfermidades. De acordo com ele, é incomum que se registrem casos de influenza nessa época do ano, por exemplo. Mas, reforça, “o mais importante do ponto de vista de atenção médica é (o tratamento) do paciente com síndrome gripal que se enquadra na síndrome respiratória aguda grave, com desconforto respiratório”.

O médico enfatiza que quem tiver febre e dificuldade para respirar, a orientação continua sendo a busca por ajuda médica, presencial ou remota. “Estamos vendo a Europa com a segunda onda bem firme, que é extremamente preocupante. E como a gente já desmobilizou boa parte das unidades de saúde, de números de leitos e tudo, isso preocupa. Não dá para dizer, do ponto de vista epidemiológico, se estamos próximos ou no início de uma segunda onda”, aponta.

Outro processo que os dados evidenciam é a transferência de pacientes para unidades hospitalares. O infectologista explica que transferir o paciente que chega à UPA é necessário para dar prosseguimento ao tratamento de casos mais complexos. “A UPA é só uma entrada no sistema e, em geral, para um paciente numa situação mais complexa. Então, a maioria vai precisar só de internação em leitos hospitalares, mas tem de separar os pacientes com quadro mais grave pensando nas UTIs”, pondera.

Entre janeiro e novembro, 1.341 transferência de pacientes das seis UPAs estaduais a equipamentos hospitalares foram realizadas – e 617 deles tinham coronavírus, o equivalente a 46% do total. No pico da pandemia em Fortaleza, em maio, foi contabilizada a maior quantidade de transferências de infectados pelo vírus pandêmico, 351. Em novembro, este número, até o dia 22, foi de 21 procedimentos.


Por Lucas Falconery e Theyse Viana, G1 CE


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