Após presenciar uma agressão do padrasto à mãe, o menino Carlos da Silva, aos cinco anos, fugiu de casa e se escondeu em um ônibus no terminal rodoviário da cidade onde morava, Juazeiro do Norte, no Ceará, em 1993. Ele dormiu no veículo e, quando acordou, estava em Fortaleza, perdido da família.
Mais de duas décadas sem conhecer a família biológica, um amigo dele, também chamado Carlos, teve a ideia de distribuir panfletos em busca dos parentes. O panfleto tinha as informações que Carlos lembrava a respeito da cidade natal, uma foto atual e outra de quando era criança e o título "Procuro a minha mãe". Veja imagem do panfleto abaixo.
Para a surpresa dos dois, Carlos recebeu uma ligação na terça-feira (24) do irmão biológico mais novo, que nunca havia conhecido.
“Eu fui entregando panfletos nas cidades. Posto de gasolina, recepção de hotel, churrascaria, e também coloquei nas redes sociais”, lembra o amigo. Um enfermeiro que viajava pegou um dos papéis na recepção do Hotel Municipal de Araripe e o guardou.
“Eu não sei por que motivo perdi o papel, mas quando eu estava jantando e abri o celular, tinha o mesmo panfleto no Facebook, aí eu fui ler com atenção”, lembra o enfermeiro Clécio, irmão de Carlos.
O panfleto relatava uma história parecida com a que a mãe de Clécio contava. “Você vá, mas volte. Perdi um filho, não aguento perder outro não”, era o que Clécio ouvia da mãe, Geane da Silva. Ela faleceu em 2017, vítima de um câncer de mama.
'Um milagre'
Por Melquíades Júnior, G1 CE
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