Uma pesquisa da Universidade Federal do Cariri (UFCA), no Sul do Ceará, desenvolveu bioplásticos para embalagens sustentáveis a partir de resíduos vegetais. O projeto, criado pelo estudante de Engenharia Civil, Fagner Oliveira, de 20 anos, usa a casca de cebola, que possui características antioxidantes e anti-inflamatórias, para garantir a conservação de alimentos por mais tempo. O produto pode ser uma alternativa para substituir, a longo prazo, as sacolas plásticas convencionais.
O estudante cearense pesquisou sobre as cascas de cebola e alho para desenvolver o projeto, mas decidiu pelo primeiro por possuir quercetina, um composto que funciona como uma “armadura” contra agressões ambientais. As propriedades naturais favoráveis da substância trazem benefícios socioeconômicos, como o aumento da conservação: proteger os alimentos com embalagens ecológicas, resulta na diminuição da produção de lixo.
Com a ajuda do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT/UFCA), e sob orientação da professora e pesquisadora Allana Lima, doutora em Química Orgânica, o estudante conseguiu comprovar a eficácia da pesquisa em testes com alguns frutos, como tomate e maçã. “O mais impressionante foi o da maçã. Pegamos duas maçãs com aspecto semelhante, uma sem proteção e outra com proteção por 15 dias. A gente observou que a que estava sem proteção já estava com a casca escura, se decompondo, enquanto a outra estava intacta”, descreve Allana.
Alternativa
O bioplástico produzido pelo projeto é feito de fontes renováveis e é biodegradável. Para produzir um produto com espessura de 30x20 centímetros, por exemplo, são necessários 80 mililitros de água, 16 mililitros de glicerina, 18 mililitros de vinagre, 20 gramas de amido de milho e 4 gramas de casca de cebola tratada.
Um dos objetivos do projeto é possibilitar a fabricação caseira deste produto para que agricultores e feirantes comercializarem frutas, verduras e legumes com maior poder de conservação. “Ele é prático, mas tem que saber a quantidade certa e alguns materiais não são fáceis. Tem trabalho de medir, padronização. Isso pode ser orientado no futuro”, completa Fagner.
O trabalho também aposta na produção de sacolas biodegradáveis em substituição aos tipos convencionais de plástico, que levam entre 450 a 500 anos para sua total decomposição. “Alguns materiais ainda deixam o bioplástico um pouco frágil, mas têm meios para fortificar. É um dos nossos pensamentos futuros. Muitos materiais que utilizam fibra não são fáceis de aplicar. É um processo”, reforça Allana. O material será enviado para a Universidade Federal da Campina Grande (UFCG) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde serão avaliadas a resistência e o limite elástico.
Segundo dados do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), de 2019, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do Mundo com 11.355.220 milhões de toneladas. O País fica atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Deste total, 2,4 milhões de toneladas de lixos plásticos são descartadas de forma irregular e apenas 1,2% deste lixo plástico é reciclado.
Por Antonio Rodrigues, G1
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