segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Sem auxílio emergencial, R$ 48 bilhões deixarão de circular entre os mais pobres

 


Moradora da comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo a catadora de latinhas para reciclagem Célia da Costa Gomes, de 40 anos, mãe de quatro filhos, com idades de 4, 6, 7 e 10 anos, está preocupada. O leite das crianças e a “mistura” para preparar as refeições acabaram. O gás de cozinha está no fim. A despensa vazia coincide com o fim do auxílio emergencial.

O benefício pago pelo governo desde abril aos brasileiros mais vulneráveis, em razão da pandemia, pode ter uma nova rodada. Mas tudo depende de negociações com o Congresso. Enquanto esse imbróglio não se resolve, a partir deste mês a renda de Célia cai para R$ 410 com o Bolsa Família. Até dezembro, ela recebia R$ 600 por mês por conta do auxílio emergencial.

''Esses R$ 200 a menos fazem muita diferença para quem tem criança'', diz a catadora, que mora numa casa cujo aluguel é pago pela Prefeitura. Antes da pandemia, Célia conseguia chegara ter renda mensal total de R$ 600, somando o que conseguia coma venda de material para reciclagem e o Bolsa Família. Por semana, tirava R$ 50 com latinhas. Hoje, porém, até a reciclagem está difícil. Aumentou muito o número de catadores e ela vê crianças revirando o lixo nas ruas de São Paulo em busca de latinhas. ''Sem emprego e sem auxílio (emergencial) fica difícil '', afirma acatadora.

Célia e os filhos são uma das 40 milhões de famílias das classes D e E com renda mensal de até R$ 2,6 mil, eles correspondem a 53% dos domicílios brasileiros. Com o fim do auxílio emergencial, inflação em alta, especialmente dos alimentos, e desemprego no maior nível dos últimos anos, essa deve ser a camada da população que mais vai perder renda disponível para consumo neste ano, se o benefício do auxílio não for retomado, aponta um estudo da Tendências Consultoria Integrada. Renda disponível é o dinheiro que sobra para gastar depois de comprar itens básicos.


Fonte: Estadão

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