JOÃO BELO!
Nunca é um lugar que não existe. Nunca é adeus. Nunca é nunca mais. Nunca, nesses dois últimos tempos, em anos, virou lugar comum para muita gente.
Os terraplanistas, os negacionistas, os produtores do ódio e do desrespeito à vida não sabem o que é nunca.
A vida tem nunca sim, mas pela via normal que é nascer, crescer, amar, transmitir às famílias suas gerações. Tem até quem diga que nascemos sem querer, morremos sem querer e sugere que aproveite o intervalo.
Pelas leis da existência, filhos dizem nunca mais a seus pais, avós, amigos mais velhos. É natural que esses ciclos de vida se cumpram, desde que sejam valorados todos os respeitos, cumpridos todos os nossos protocolos. Nunca, porém, provocado pelo descaso, incensado pelo desmando, composto pela crueldade e pela irresponsabilidade, não é normal e revolta.
Somos hoje no Brasil quase 500 mil famílias roubadas, assaltadas, dizimadas pela inconsequência de quem nos nega saúde e sugere que morramos e percamos os nossos com pseudos paliativos para como tratamentos precoces. Vamos perdendo os nossos para essa pandemia, enfileirando nuncas para nunca mais deixando sucos profundos nas nossas almas, nas dores de perder, na crueldade das saudades.
São nuncas que se acumulam em nossos corações e batem fundo nos rios nossos sentimentos.
Ontem perdemos o Belo. Belo no nome, belo na postura, belo no afago, belo na dedicação ao trabalho e ao bem querer aos seus; aos seus amigos como eu, que sinto a dor de NUNCA mais falar com o Belo, abraçar o Belo, dar bom dia ao Belo e tê-lo a honrar nosso comércio e o que há de mais belo em nosso meio, a generosidade, a humildade, o respeito ao outro.
Vá em paz, querido João Belo!
Deus há de prover em seu nome o justo retorno do castigo a que nos faz sentir o NUNCA que você nos deixou.
(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado e contista).
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