sexta-feira, 18 de junho de 2021

Policiais militares e penal presos são suspeitos de torturar vítima e exigir pagamento de R$ 50 mil



Dois policiais militares, um policial penal e um comparsa são suspeitos de torturar, de subtrair bens e de exigir o pagamento de R$ 50 mil de um homem. O grupo ainda teria extorquido uma mulher. A Justiça Estadual converteu a prisão em flagrante dos quatro suspeitos em prisão preventiva, nesta quinta-feira (17).

O cabo Ramon Martins Gomes e o soldado Michael José Vaz Ramos, da Polícia Militar do Ceará (PMCE); o policial penal Italo Emmanuel Cardoso Soares; e o "alma" (pessoa que se passa por policial) Jovino Santos Neto foram detidos na última terça-feira (15), no bairro Dunas, em Fortaleza, em uma ação conjunta da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD); da Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS); e da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

De acordo com a decisão da 17ª Vara Criminal - Vara de Audiências de Custódia - pela conversão da prisão, o homem vítima de extorsão (que responde a três processos na Justiça por estelionato) procurou a Polícia, no dia 10 deste mês, para denunciar que havia sido abordado por homens que se apresentavam como policiais civis, que estariam na posse de um mandado de prisão, no último dia 31 de maio.

Os criminosos teriam, segundo o relato: exigido o pagamento de R$ 50 mil, dividido em duas parcelas, a serem pagas nos dias 15 de junho e 1º de julho deste ano; obrigado a vítima a transferir R$ 1 mil que ela tinha na conta bancária; subtraído um aparelho celular de última geração, um relógio, um boné e uma aliança de ouro.

E ainda teriam torturado o homem com um fio de chuveiro elétrico, tapa, saco de mercantil na cabeça e ameaça de usar arma de fogo.

Já a mulher denunciou à Polícia que ela e o marido foram obrigados a pagar R$ 6 mil para não serem incriminados pelos policiais. "A gravidade em concreto das condutas atribuídas aos imputados é elevada, diante da forma como os crimes foram perpetrados, pois há indícios de que os autuados se associaram para cometerem delitos de extorsões, os quais eram executados com emprego de armas de fogo e em face de vítimas diversas", considerou a juíza, completando que o número de vítimas do grupo criminoso pode "ser ainda maior".


POLICIAIS SUSPEITOS TENTARAM FUGIR

Os investigadores que participaram da abordagem relataram, em depoimento na Delegacia de Assuntos Internos, que ao menos três equipes policiais estavam espalhadas, em volta de uma concessionária de veículos onde aconteceria o crime de extorsão, quando o automóvel suspeito, Toyota Corolla, parou próximo ao estabelecimento, e Jovino Neto desceu.

Jovino - que é suspeito de envolvimento em crimes de pistolagem no Vale do Jaguaribe - foi até o veículo da vítima. Neste momento, uma equipe de policiais o abordou, enquanto outra equipe cercou o carro onde estavam os outros três suspeitos. O trio tentou fugir, mas foi fechado por outra equipe e também preso.

Com o grupo, foram apreendidos três pistolas calibre 380, carregadores e munições de pistola, um veículo Toyota Corolla blindado, uma motocicleta, um par de algemas, relógios, aparelhos celulares, mochilas, documentos e anotações.


PMS PRESOS ALEGAM QUE FORAM AGREDIDOS

Na audiência de custódia, o cabo Ramon Gomes e o soldado Michael Ramos informaram à juíza que sofreram maus tratos por parte dos policiais que realizaram a prisão. A 17ª Vara Criminal determinou expedição de ofício à CGD para comunicar a denúncia, para a adoção das medidas que o Órgão entender cabíveis.

Já Jovino Neto informou que está com sintomas de gripe e que teme estar infectado com a Covid-19. Diante disso, a magistrada determinou que o preso permaneça em cela separada dos demais; se tiver dificuldades respiratórias, que seja levado ao hospital; e se for confirmada a doença, que o juiz que receba o processo analise a possibilidade de substituir a prisão por medidas cautelares.

As defesas dos três policiais não foram localizadas. Já a defesa de Jovino, representada pelo advogado Klaus Borges, sustenta que o cliente não integra o grupo criminoso, não realizou extorsão e não foi identificado pelas vítimas. "Infelizmente, ele estava de carona com eles (policiais)", alega.


Fonte: Diario do Nordeste


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