O Ceará conseguiu, até a tarde desta quarta-feira (30), ultrapassar a meta de aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 em, pelo menos, cinco grupos prioritários. Os dados foram extraídos no Vacinômetro da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa-CE).
De acordo com a ferramenta, a meta de vacinação com a aplicação da primeira dose já foi atingida para profissionais da saúde; idosos institucionalizados; idosos; trabalhadores das forças de segurança, salvamento e forças armadas; e trabalhadores portuários.
De acordo com o imunologista Edson Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), é importantíssimo que os grupos prioritários em questão tenham sido vacinados, porém, com as duas doses, já que há uma maior probabilidade de seus integrantes apresentarem casos mais graves da doença.
"Já observamos em alguns estudos que estão agora sendo publicados que há uma redução significativa tanto do número de casos, casos graves e mortes, demonstrando claramente que a vacinação é fundamental para que nós possamos sair definitivamente dessa crise", analisa o cientista.
Perto de chegar à meta instituída pela Secretaria estão o grupo de povos e comunidades quilombolas (99%), trabalhadores da Educação (97,2%); trabalhadores do transporte aéreo (94,4%); e indígenas (94%). De todos os grupos prioritários, porém, o que está mais distante de atingir o objetivo é o de gestantes e puérperas, pois apenas 72,9% dessas mulheres tomaram a primeira dose da vacina.
Os grupos prioritários foram os primeiros a receber a vacina no Ceará. Atualmente, são vacinadas no Ceará, grávidas, mulheres que deram à luz recentemente e as pessoas com 18 anos ou mais, em ordem decrescente de idade.
Na visão do imunologista, os grupos de gestantes e pessoas com comorbidades podem estar mais aquém da meta vacinal em função de dois principais aspectos: o receio das mulheres grávidas com a vacinação e a dificuldade em algumas pessoas conseguirem comprovar o aspecto de saúde que a torne prioritária.
Longe da meta global
O estado, porém, ainda precisa caminhar muito para atingir a meta de, pelo menos, 70% a 80% da população cearense. O índice, correlacionado por cientistas do mundo todo, diz respeito à imunidade coletiva (ou de rebanho). Segundo epidemiologistas, ao atingir esse número, a transmissibilidade do vírus tende a reduzir, cessando paulatinamente as infecções pela doença.
Teixeira afirma que, enquanto não tivermos em torno de 80% da população vacinada com as duas doses (ou com a dose única), ainda haverá uma circulação viral relevante. "Temos casos de pessoas vacinadas que adoeceram, ficaram graves e morreram, porque existem ainda as variantes, muita circulação viral. Quando a gente atinge os 80%, o vírus não consegue mais pular de pessoa pra pessoa e isso organiza o caminho pra que a gente saia dessa crise sanitária", explica.
Para isto, também é necessário que os índices de aplicação da segunda dose das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer cresçam. Os laboratórios que as produziram afirmam que a pessoa só estará completamente imunizada com o reforço dado após 28 dias, 3 meses e 2 meses, respectivamente. A vacina da Janssen, que já é administrada em território nacional, requer apenas uma aplicação.
"A primeira dose não protege de forma suficiente, por isso que os esquemas vacinais são bem descritos nas bulas das vacinas. Tomar uma dose não resolve o problema nem individualmente, nem coletivamente", lembra o imunologista.
Por Cadu Freitas, G1 CE
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