A Universidade Estadual do
Ceará (Uece) continua realizando pesquisas científicas para contribuir, cada
vez mais, no combate à Covid-19. Desta vez, o Laboratório de Biotecnologia e
Biologia Molecular (LBBM/Uece) desenvolveu teste rápido e de baixo custo para
diagnóstico da SARS-CoV-2, a partir da saliva ou de secreções nasais. O
resultado do teste sai entre três e cinco minutos.
Atualmente, os testes padrão
ouro para detecção da Covid-19 são realizados por RT-PCR, cujo processo é
demorado, de elevado custo, com o envolvimento de pessoal qualificado. O teste
desenvolvido pela Uece se provou tão eficaz quanto o RT-PCR, tendo vantagens
econômicas e de aplicabilidade. A coordenadora do LBBM/Uece, professora Izabel
Florindo Guedes, fala da praticidade e utilidade do teste.
“O teste desenvolvido na Uece
poderá ser aplicado em crianças ou em pessoas, inclusive, à beira do leito.
Basta pegar uma gotinha de saliva para fazer o teste. O método também é ideal
para fazer triagem e monitoramento em grandes eventos, como as Olimpíadas, por
exemplo, em que é preciso testar todos os participantes de forma rápida”.
O pesquisador do LBBM/Uece,
Valdester Cavalcante Pinto Júnior, ressalta que a ideia surgiu a partir do
desenvolvimento de outra pesquisa, em que é analisada a prevalência da Covid-19
em crianças, adolescentes e adultos em situação de educação remota pela rede
municipal de ensino em Fortaleza.
“Quando fizemos o rastreamento
das crianças como parte do estudo para o doutorado, recebemos algumas demandas
das famílias: o teste era incômodo, caro, e demorava muito a sair o resultado.
Foi a partir daí que os membros do Laboratório passaram a discutir a
possibilidade de desenvolver um teste rápido, de custo mais barato e menos
desconfortável para o paciente. Então, desenvolvemos esse teste, que já passou
pelo estudo de bancada e que se provou tão eficaz quanto o RT-PCR”, explicou o
pesquisador.
A invenção é uma técnica
simples e não invasiva, que pode contribuir de maneira significativa no
rastreio de pessoas infectadas, sejam elas sintomáticas, sejam assintomáticas.
O teste deve, inclusive, contribuir com a elaboração de estratégias mais seguras
para retomada das atividades sociais.
Além da vantagem de fornecer
resultados de modo mais seguro, prático e simples, o teste oferece benefício
também no processo de análise, pois não requer mão de obra extremamente
qualificada. O teste pode ser utilizado não somente em laboratórios, mas também
em locais de atendimento ao público ou em escolas, por exemplo.
Valdester explica como
funciona: “Após a coleta da saliva, ela é colocada em uma membrana [suporte
sólido] onde acontece sua dispersão. Em seguida, são sobrepostos a essa
membrana os anticorpos do SARS-CoV-2 [causador da Covid-19]. O anticorpo reage
com o antígeno e daí surge uma ‘marca’ nos testes dos pacientes que forem
positivos”.
O também pesquisador do LBBM,
Luiz Francisco Wemmenson Gonçalves Moura, revela a atual fase da pesquisa e
fala sobre os próximos passos.
“Foi feita a maioria dos
testes em bancada. Infere-se, dessa avaliação, o fato de que o modelo se
mostrou de alta sensibilidade e elevada especificidade. Já estamos em fase
final de elaboração da redação para pedido de patente e, no momento, estamos
escrevendo projeto para conseguir financiamento e aprovação do Comitê de Ética
para validação clínica (provável que seja feito em um grande hospital aqui da
capital)”.
São responsáveis pela invenção
do teste os pesquisadores Valdester Cavalcante Pinto Júnior, Maria Izabel
Florindo Guedes, Luiz Francisco Wemmenson Gonçalves Moura, Ana Cláudia Marinho
da Silva, Daylana Régia de Sousa Dantas, Ney de Carvalho Almeida, Cícero
Matheus Lima Amaral, Daniel Freire Lima, Arnaldo Solheiro Bezerra e Eridan
Orlando Pereira Tramontina Florean.
Ceará Agora
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