O avanço da vacinação contra a Covid-19 no Ceará, em 7 meses, é sensível: quase 2,4 milhões de pessoas já tomaram as duas doses ou dose única. A velocidade, porém, se dá de forma desigual entre os municípios: 46 deles imunizaram menos de 20% da população (veja mapa abaixo).
O levantamento foi feito pelo Diário do Nordeste a partir do número de doses aplicadas em cada localidade, disponível no Vacinômetro da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa); e das estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O município com a menor taxa de pessoas imunizadas é Caridade, no Norte cearense, onde só 2.993 dos 22,7 mil habitantes – 13,1% – já tomaram dose única (DU) ou já receberam a segunda dose (D2) da vacina.
Guaramiranga, por outro lado, é a única cidade cearense onde mais da metade da população já foi completamente imunizada: 59% dos habitantes receberam a DU ou já tomaram a D2.
Em setembro, os municípios do interior do Ceará devem receber 2,4 milhões de novas doses da Coronavac, compradas de forma direta pelo Governo do Estado ao Instituto Butantan. O quantitativo corresponde a 80% de todos os imunizantes adquiridos.
A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), Sayonara Cidade, pontuou, em entrevista ao Diário, que as novas doses darão “maior celeridade ao processo de imunização no interior”, que está atendendo, em média, a população entre 20 e 24 anos.
ATRASO NA SEGUNDA DOSE
Além da chegada gradual de doses, outro fator influencia para as ainda baixas coberturas fora da Capital: o atraso na aplicação da última dose do esquema vacinal.
O imunologista Edson Teixeira, professor do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Universidade Federal do Ceará (UFC), avalia que “o Ceará tem feito um trabalho muito rápido no sentido de distribuir as doses que chegam e de aplicação da D2 em que estava aguardando”.
Por outro lado, Caroline Gurgel, virologista, epidemiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), aponta que “falhas de comunicação” no processo da vacinação influenciam nos atrasos, e não só o “desinteresse” das pessoas.
Segundo ela, “falta de cadastros e de uma melhor organização” dos procedimentos ligados ao agendamento também afetam a velocidade com que as cidades avançam na imunização dos moradores.
Sayonara Cidade, do Cosems, justifica que “os municípios demoraram mais a avançar por causa do cadastro no Saúde Digital, mas agora as coberturas estão boas, de acordo com o esperado”. Com as 3 milhões de doses que chegarão ao Estado, ela complementa, será possível dar mais celeridade ao processo.
Fonte: Diario do Nordeste
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