Um áudio divulgado, nesta segunda-feira (27), pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), revela o choro de uma criança enquanto um homem estava sendo torturado por policiais civis em busca de drogas. O áudio faz parte de uma investigação do órgão contra 26 policiais civis, incluindo duas delegadas, suspeitos de formação de quadrilha, extorsão, tortura e tráfico de drogas.
A Justiça determinou o afastamento dos servidores públicos no último dia 17 de setembro e a utilização de tornozeleiras eletrônicas por todos eles. O processo criminal estava sob sigilo até esta segunda-feira, quando a Vara de Delitos de Organizações Criminosas retirou o sigilo, e o MPCE divulgou detalhes da investigação, incluindo seis áudios que mostram crimes cometidos pelos policiais civis.
O áudio em questão, segundo o Ministério Público, foi enviado pelo inspetor da Polícia Civil Madson Natan Santos da Silva a um grupo de servidores no dia 7 de junho de 2017. A tortura teria ocorrido dentro de um carro no bairro Granja Portugal, periferia de Fortaleza, onde a criança estava.
A vítima do crime, conforme o órgão, foi Claudiano da Silva Souza, que estava com uma criança dentro do veículo. A criança presenciou a sessão de tortura e chegou a vomitar. O Ministério Público não revelou o grau de parentesco entre os dois.
"Tá' dizendo que tem droga aí na casa, no 'trenzim' dele, mas 'peraí' que 'tamo' trabalhando o garo
to, qap aí. 'Vamo' tentar mais alguma coisa aqui. 'Tá' sendo trabalhado", diz o policial civil afastado no áudio divulgado.
Ao fundo, é possível ouvir o choro da criança, como informou o MP, e alguns sons similares a tapas enquanto um outro homem pergunta: "quantos quilos têm aí?".
Além dos agentes de segurança, seis pessoas apontadas como "informantes" também fazem parte da investigação, cujo foco é a instalação de uma organização criminosa dentro da Delegacia de Combate ao Tráfico de Drogas (DTCD). Ao todo, são 32 alvos do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) aberto pelo órgão ministerial.
Por Cadu Freitas, g1 CE
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