sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Meia dose de AstraZeneca pode ser usada como reforço, diz pesquisa



Resultados finais de um estudo realizado na cidade de Viana (ES) indicam que meia dose da vacina da AstraZeneca/Oxford contra a Covid-19 é efetiva e poderá ser usada também como dose de reforço.

A pesquisa mostrou que, no esquema primário, quando são feitas as duas primeiras aplicações do imunizante, a meia dose teve efetividade semelhante à dose padrão para prevenção de 70% de casos novos da doença e não ocorreu nenhum óbito e nenhuma internação após a imunização completa.

O projeto Viana Vacinada é coordenado pelo Hucam-Ufes (Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Os resultados foram apresentados para a Fiocruz, que produz a vacina da AstraZeneca no Brasil, e para a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).

Nesta sexta-feira (21), será levado para a Ctai (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19), que auxilia o Ministério da Saúde nas políticas públicas de enfrentamento da pandemia.

O estudo mostrou ainda que a meia dose foi capaz de induzir a produção de anticorpos neutralizantes em 99,8% dos participantes, resultado semelhante ao alcançado no esquema com a dose padrão.

Em participantes que não tiveram Covid nem receberam nenhuma vacina antes, a produção de anticorpos foi maior do que das pessoas que tomaram uma dose padrão.

Além disso, os eventos adversos observados foram leves, e a frequência geral foi semelhante com meia dose ou dose padrão. No entanto, a duração dos efeitos colaterais foi menor no grupo que recebeu meia dose.

No estudo, a vacinação com meia dose ocorreu no dia 13 de junho de 2021 e alcançou 20.685 participantes, de 18 a 49 anos de idade. A segunda etapa de imunização foi no dia 8 de agosto. Viana tem 80,7 mil habitantes.

Do total de vacinados, 558 foram selecionados para serem monitorados com coleta de amostras sanguíneas para avaliação da produção de anticorpos neutralizantes e celulares.

Valéria Valim, médica coordenadora da pesquisa, disse que os estudos poderão subsidiar as autoridades sanitárias do Brasil e do mundo para dobrar a capacidade de imunização com a vacina da AstraZeneca.

"O resultado da pesquisa está sendo apresentado e indica que a meia dose pode ser usada como dose de reforço. Caso as autoridades tenham esse entendimento com base na pesquisa, a meia dose pode ser inserida na bula. Isso pode expandir a vacinação em países mais pobres, por exemplo", disse.

A Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), diante dos resultados apresentados, autorizou que a população de Viana de 18 a 49 anos receba reforço com meia dose. Podem receber meia dose quem participou do estudo e também quem recebeu dose padrão de AstraZeneca, Coronavac ou Pfizer.

A pesquisa foi patrocinada pelo Icepi (Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde), da Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo, com o apoio da Opas, do Ministério da Saúde e da prefeitura municipal de Viana.

O Espírito Santo começou uma outra pesquisa na sexta-feira (14) para testar a eficácia da Coronavac em crianças e adolescentes. Serão 1.280 participantes de 3 a 17 anos de idade.

Conhecido como Projeto Curumim (criança em tupi), ele irá verificar ainda a segurança e a produção de anticorpos e células de defesa nas crianças e nos adolescentes.

Para isso, os participantes serão divididos em dois grupos: os que recebem a vacina Coronavac e os que recebem a vacina da Pfizer. As crianças menores de 5 anos somente serão imunizadas com o primeiro fármaco.

O objetivo é comparar a eficácia e a segurança da vacina Coronavac em crianças e adolescentes, tendo como base o imunizante da Pfizer.

As duas vacinas são aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A Pfizer está liberada para crianças a partir de 5 anos e a Coronavac, para crianças a partir de 6 anos.

Os participantes serão acompanhados por um ano pela equipe de pesquisa, composta por médicos pediatras, infectologistas, pneumologistas, pesquisadores e enfermeiros especializados em vacinas em crianças e adultos.


Fonte: O Tempo

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