A cozinheira Daurilene Preato, 51 anos, só quer chegar em casa, no Espírito Santo, mas os motoristas da Viação Itapemirim estão em greve e ela precisou aguardar por mais de 30 horas, em Fortaleza, desde as 8h30 desta terça (15), até conseguir embarcar em um ônibus da empresa, o que só aconteceu na noite desta quarta-feira (16).
"Estou na rodoviária [de Fortaleza] passando raiva, está terrível ficar aqui. Estamos jogados às traças sem saber o que fazer e já tô nervosa porque não tem ninguém aqui para dar informação", diz a mulher, que já acionou o Procon e prestou um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Daurilene é uma das cerca de 20 pessoas que compraram passagens pela empresa com saída de Fortaleza a diversos estados brasileiros. Todos deveriam ter viajado nesta terça às 8h30 e saíram da rodoviária com a indicação de que o ônibus pegaria estrada às 8h30 desta quarta. Durante a tarde, quando foi entrevistada pelo g1, ainda não havia previsão para o embarque.
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Segundo a passageira, um ônibus de outra empresa fretado pela Itapemirim partiu, finalmente, por volta das 19h desta quarta. Até então, os passageiros seguiam esperando no terminal rodoviário, após dormirem em uma pousada paga pela Itapemirim. No grupo, está uma gestante, idosos e crianças, inclusive o neto da cozinheira, de 5 anos.
Ainda de acordo com Daurilene, a informação repassada pela empresa é de que o ônibus segue até Salgueiro, em Pernambuco, onde os passageiros serão acomodados em um outro ônibus da Itapemirim.
Os motoristas da empresa estão em greve desde terça. (leia mais abaixo) A viação informou, em nota, que fez um acordo com motoristas na semana passada e "honrou o compromisso com seus colaboradores" quanto ao pagamento de janeiro de 2022. A Itapemirim disse ainda que as negociações estão em andamento quanto a outras reivindicações, porém, não citou se estão sendo tomadas providências em relação a passageiros que aguardam embarque em Fortaleza.
De acordo com a cozinheira, a empresa deu alimentação para o grupo às 11h30 da terça e disponibilizou quartos em uma pousada nas proximidades da rodoviária para que eles pudessem dormir e descansar.
"Um rapaz aqui que iria pra Bahia até desistiu. E o pior é que não tem outra empresa para mim, só a Itapemirim vai até o Espírito Santo", conta. A viagem dura cerca de 48h e a mulher quer chegar em casa, pelo menos, até domingo, quando tem um batizado de um neto para ir.
Motoristas em greve
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros Intermunicipal e Interestadual do Estado do Ceará (Sinteti), Carlos Jeferson, os trabalhadores estão com salários atrasados, inclusive em acordos de parcelamento de salários atrasados, além de demora no pagamento de vale alimentação e cesta básica.
"Estamos em greve com a Viação Itapemirim, conforme comunicado à empresa. A partir de ontem 7h iniciamos a greve após as 72h e, até agora, a empresa não tem proposta. Estamos aqui pedindo o auxílio, a intervenção do Ministério Público. A empresa não quer negociar junto à Justiça do Trabalho e ao MP. Nós temos mais de uma dúzia de acordos que ela não cumpriu", diz.
Crise em empresa áerea
Em 17 de dezembro, a empresa Ita Transportes Aéreos, do mesmo grupo da empresa de transporte rodoviário, suspendeu todas as operações deixando milhares de passageiros sem voos às vésperas do Natal.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) proibiu em janeiro, por meio de medida cautelar, a venda de passagens aéreas da empresa até que fossem adotadas ações corretivas.
Por g1 CE
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