A falta de medicamentos na rede pública do Ceará e nas prateleiras das farmácias prejudica o tratamento de pacientes que precisam de remédios para o uso diário e contínuo. O estado registra escassez de polivitamínicos, xaropes para tratamento de síndromes gripais e até mesmo antitérmicos, de acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Ceará (Sincofarma), Fábio Timbó.
"Nós temos sentido escassez de polivitamínicos, de xaropes, até de alguns antitérmicos que estão chegando de forma paulatina, mas com uma certa falta. Ou seja, o que está chegando não está chegando com a quantidade que está sendo solicitada [...]. Nós estamos trabalhando junto ao atacado e à indústria para mitigar os efeitos dessas faltas", afirma Timbó.
A aposentada Irismar Corrêia de Araújo, de 71 anos, é uma das pacientes prejudicadas pela falta dos remédios nos postos de saúde. Ela precisa diariamente de medicamentos para ansiedade e depressão, mas relata que sempre que nem sempre consegue receber os remédios.
"Aqui tá faltando medicamento. Não só aqui, em vários postos tá faltando. Já vim aqui várias vezes e nada de conseguir pegar esses medicamentos. Eu tô precisando do escitalopram, clonazepam, e tudo isso tá em falta. São remédios controlados para ansiedade, depressão, e não tem. Eu já vim aqui várias vezes e toda vez que eu venho nada tem. Peguei uma fila enorme agora, o rapaz disse que tinha medicação, eu fiquei [aguardando] e quando chegou minha vez, ele disse que já tinha acabado [sic]", conta.
Dona Irismar esperou cerca de 2h na fila de um posto no Bairro Messejana, na capital. Como não conseguiu os medicamentos, para não interromper o tratamento, vai ter que comprar.
A prefeitura de Fortaleza informou que não há falta de medicamentos na rede municipal, mas pode estar havendo um problema nas rotas de distribuição. A prefeitura garantiu que está fazendo a entrega dos remédios nos postos.
Medicamentos em Caucaia
Em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, a situação não é diferente. Moradores que precisam diariamente de medicamentos também denunciam a falta deles nos postos de saúde.
"A farmácia central de Caucaia tá faltando vários remédios controlados, e na farmácia do posto está faltando remédios básicos, tipo omeprazol, sinvastatina, que é pra colesterol. Aí se não tem eu sou obrigada a comprar", conta a pesquisadora Fernanda de Melo.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde informou que recebeu, na última semana, uma nova remessa de mais de 100 itens de medicamentos para abastecer a rede de saúde do município, tais como gabapentina, sinvastatina e omeprazol.
A pasta também disse que os medicamentos já foram encaminhados para a central de abastecimento farmacêutico, e já estão sendo distribuídos para as 46 unidades básicas de saúde na atenção especializada (Caps) e na atenção secundária ambulatorial do município, desde a última sexta-feira (20).
"Desequilíbrio da cadeia produtiva"
O presidente do Sincofarma, Fábio Timbó, afirma que a falta de medicamentos no Ceará ocorre em virtude de um "desequilíbrio da cadeia produtiva".
"Com o aumento da demanda mundial e o desequilíbrio da cadeia produtiva acumulada com o aumento do dólar, aumento do combustível, aumento da energia, com problema de frete terrestre, aéreo, e uma série de coisas e a dificuldade dos insumos, tendo em vista que o Brasil importa 99% desses insumos, tudo isso tem ocasionado desequilíbrio da cadeia produtiva nacional, que depende da indústria mundial também", pontua.
Por g1 CE
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