Dançarinas de um grupo de pole dance afirmam que foram vítimas de preconceito e constrangimento no último domingo (28) após serem obrigadas a se retirar de uma barraca na Praia da Sabiaguaba, em Fortaleza. Elas foram expulsas minutos depois de terem iniciado uma apresentação esportiva da modalidade que tenta desmistificar a conotação sensual atribuída à dança. O estúdio da qual as mulheres fazem parte lançou uma nota de repúdio nesta segunda-feira (29) em defesa das professoras e alunas que integram o coletivo.
A dançarina e educadora física Lorena Medeiros, que há cerca de dois anos faz parte do grupo disse que a apresentação do evento chamado de Pole Beach havia sido combinado com antecedência com a administração do estabelecimento, mas que após o início da performance começaram a surgir as primeiras reclamações principalmente por parte de algumas clientes que estavam nas mesas.
"De início fomos bem recebidas por uma funcionária que ficou responsável por nos acolher, começamos a fazer a apresentação na barra do pole dance quando a movimentação ainda era pequena. Com a chegada de mais clientes, começaram as reclamações que foram nos repassadas pela funcionária. Segundo ela, algumas clientes pediram para a gente vestir uma bermuda ou irmos para um lugar mais afastado pois elas estavam se sentindo incomodadas com os olhares dos maridos para nós", afirmou.
Ainda conforme a dançarina, o dono da barraca, que não estava no local, falou com o gerente por telefone e pediu para que o grupo se retirasse do estabelecimento pois a apresentação estava incomodando as famílias. "Paramos a apresentação e passamos a andar pelas mesas para explicar as pessoas sobre a modalidade, tentando desmistificar essa imagem de que o pole dance está ligado apenas à sensualidade ou à prostituição, mas não houve conciliação e tivemos que sair do local", explicou.
O g1 entrou em contato com a barraca de praia informada pelo grupo para pedir um posicionamento sobre o caso, mas até a publicação da matéria não teve resposta.
Em uma publicação nas redes sociais, uma das alunas que esteve na barraca afirmou que o constrangimento passado pelo grupo serviu para incentivar ainda mais a atuação do coletivo e desmistificar o tabu em torno da modalidade.
"Essa situação só serviu para sustentar e nos incentivar a continuar divulgando cada vez mais o pole e nossa missão de quebrar estereótipos advindos de uma sociedade com cultura machista e preconceituosa", escreveu.
Na nota de repúdio publicada nas redes sociais, a academia de dança reprovou a decisão do estabelecimento e pediu apoio para lutar contra o que definiram como machismo e preconceito sofrido pelas dançarinas
"Sabemos da triste realidade do sistema machista, que tolhe, diminui e oprime quaisquer manifestações que não as que se encaixem no padrão engessado e puritano socialmente aceito por esse sistema. Contamos com amigos, familiares e toda a comunidade pole dancer para denunciar esse comportamento tão inaceitável", diz a nota.
Após deixar o estabelecimento, as dançarinas foram para outra barraca, dessa vez na Praia do Futuro, onde conseguiram realizar a apresentação normalmente.
Por Paulo Martins, g1 CE
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